FAZENDO AS CONTAS
Como sempre, depois dos grandes festejos de Natal e Ano Novo, abre-se a temporada de pagamento de contas, geralmente misturada com o período de férias: falo especialmente de pauladas tipo IPTU, IPVA, com multas e seguros obrigatório e de responsabilidade civil, contas aumentadas de luz, condomínio, Net, NETFLIX, plano de saúde, prestações de viagens feitas ou a fazer, “rescaldos” natalinos ou resultados das extravagâncias do veraneio, como aluguéis ou hotéis e passagens aéreas. O calvário segue, no mínimo, até fins de abril, com o sempre doloroso e injusto encontro final do Imposto de Renda, que demanda expressiva complementação, dependendo de circunstâncias. Dei só alguns exemplos, mas já fiquei enfastiado, para não dizer depauperado. Tudo bem, guerra é guerra, a gente se previne, mas é ruim demais, com temperos de injustiça, neste Brasil de muitos e altos tributos e mínimo retorno em serviços públicos qualificados. Eu ia dizer que empanava o brilho do verão, mas como prefiro o frio, vou apenas mencionar que é mais uma grande chatice a vencer nesta quadra. Não sou minucioso, não mesmo, mas sempre tive o hábito (e o gosto, confesso) de fazer orçamento e constantes revisões para evitar surpresas e me sentir tranqüilo. Talvez seja um cacoete de quem, por muitos anos, trabalhou no mundo das finanças, não importa. Então, eventualmente, viajando por outros planetas enquanto degusto minha cervejinha ao meio-dia, inesperadamente surge boleto ou fatura de despesa ou de alguma multa de trânsito que já esquecera. Aconteceu-me de correr para acertar, no último dia, multa por jogar bagana de cigarro em local inadequado no Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro: nem mais recordava da penalidade sofrida há certo tempo. Viver é também fazer um pouco de contabilidade. Mas não tenho nenhuma inveja dos despreocupados, que levam a coisa aos trancos e barrancos, muito menos dos que devem, não pagam, forçam a barra e ainda colocam a cabeça no travesseiro e dormem na paz. Há muito tempo aprendi que a vida é ciência e arte, com seus custos e encargos. "Não existe almoço grátis". Comer bem, beber, bailar, viajar, namorar, curtir a família, dormir e fazer as contas certas é desígnio do homem. Então, "bora calcular".