Envelhescência

A adolescência alcança a maturidade com passos de tartaruga e segundo Mário Prata a envelhescência faz corpo mole para ancorar na velhice, só meninice…

Rendo-me às pessoas que já viveram mais de seis décadas e estão aí em busca de um novo alvorecer, florescer, exibindo seus talentos nas passarelas pra nenhuma Top Model Nacional, Internacional botar defeito, sem efeito…
Amores maduros resistem às transformações corporais e se rendem à troca de experiências prazerosas , bem vividas, dignas a quem lhes são de direito, acolhimento perfeito.

A sociedade é crudelíssima , mandatária no que se refere a esse ciclo do universo, a começar pela ditadura da estética corporal, onde as expressões faciais causam mais espanto que as atrocidades dos tempos modernos, exímios cadernos.

Estão aí produzindo, ocupando cátedras , correndo com suas vestimentas esportivas pelos parques, dançando, saltando de paraquedas, pilotando aviões, trabalhando no campo, rejuvenescendo, florescendo tal qual o frondoso jacarandá, valseando galhos, penduricalhos , matizando retalhos!
Percebe-se a sabedoria desde a simplicidade de uma senhora, se não me engano, numa cidade do interior baiano, com seus 97 anos amassando barro e fabricando suas panelas a Drauzio Varella e outros senhores em plenas atividades sem se preocuparem com a tal maioridade, vasta idade.

Foi-se o tempo em que se envelhecia aos cinquenta anos, freando os sonhos, instalados em casulos, esperando as madrugadas, caladas, angustiadas.

Mulheres e homens esguios, corpos atléticos, abastados de pensamentos ativos, não duvido.Os diamantes lapidados, edificados dessa faixa etária narravam suas escolhas , esbanjando disposição, sexualidade, vivacidade e o prazer em viver desfrutando as experiências adquiridas em suas benevolências vivências.

Assisti a um documentário televisivo sobre a envelhescência, que segundo Mário Prata é a transição da maturidade para a velhice, a começar pelos sessenta até aos setenta e cinco anos de idade, concupiscência à toda prova, renovação, inquietação. Aposentos por aqui seriam tão somente sinônimos de aconchegos, chamegos...

Após tal liturgia, eis que surgem ventanias ecoando sabedorias, anarquias, companhias, zombarias dos tempos, contratempos e seus adventos…

Consta-se que na sociedade dicionarista, não há tantos afagos na caça incansável por novos vocábulos e também que Houaiss foi um gentleman ao reverenciar o todo respeitado Aurélio Buarque de Holanda em seus calhamaços, sendo um dos únicos lexicográficos da época que poderia se quisesse criticá-lo, pois tinha alicerce para tal. Quanto ao termo sofrência, não posso imaginar o que diriam, mas ao conteúdo de tais composições, não abririam sequer um espaço nesse descompasso, passo sem paço…
Sofrência seria neologismo? Prefiro dizer que a Língua não é estática, está sempre em evolução , é dinâmica, veloz.

                                                      
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                                            (Imagem do Google)




 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 21/12/2017
Reeditado em 28/08/2020
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