O QUE VALE UM NOME?

Como já narrei aqui, em 2009 alterei meu nome: era “Mattos” e passei a ser “de Matos”, em função da dupla cidadania. Tive de propor ação judicial para ajustar o sobrenome do meio às origens lusitanas. Filhos e netos, portanto, já são brasileiros e portugueses. O objetivo era este, já que, para mim, a questão seria indiferente a esta altura do campeonato. Houve ainda as mudanças de estado civil: já fui solteiro, casado, separado judicialmente e, por fim, divorciado. Bom, tenho hoje duas carteiras de identidade, uma como Mattos e a outra de Matos. Nos registros públicos tenho de ser necessariamente “de Matos”, mas nos bancos, cartões de crédito, FGTS, INSS e em várias outras instituições continuo sendo o velho “Mattos”, inclusive neste FACEBOOK. Vocês sabem, tenho uma boa memória, mas seguidamente não sei informar precisamente o nome de minha mãe, que também teve naturalmente de alterar: em alguns papéis é um, modificado, noutros continua o antigo registro, sendo que tudo isto se transfere para meus documentos. É chato a gente não saber se identificar prontamente, sem qualquer sombra de dúvida. Dei um presente complicado aos filhos – que me pediram isto expressamente, na época – e hoje nem sei exatamente quem sou. E vocês não imaginam quanto tive de percorrer cartórios, arquivo público, consulado, juízo e não sei mais quantos outros órgãos. Os cartórios mudaram de endereço, sofreram alterações e a peregrinação não foi barbadinha. Fiz tudo sozinho, afinal, sou advogado também para estas ”roubadas”. Durou um ano a missa toda e creio que até foi bem rápido, sobremodo em juízo. Uma letrinha a mais ou a menos não muda a personalidade, mas pode incomodar bastante o andar do vivente, notadamente quando mais veterano. Se eu escrevesse um novo livro hoje, manteria o antigo sobrenome. Não me desapeguei. E o pior é que já venceram meu passaporte e carteira de identidade portugueses, azar. Quando passarem a valer por dez anos, eu renovo. Em minha última viagem à Europa, nem saíram da mala. Por estas bandas, hoje em dia me chamam predominantemente de "Seu Pedro" ou "Seu Zé", fazer o quê? Até meu netinho Pedro reclamou um dia destes, em barzinho, que não podia passar ao lugar que o filho mandara sentar, porque o "Zé" tava bloqueando sua passagem. Por sorte, nunca tivemos quaisquer traços ou veleidades aristocráticos.