Vila Clitóris

Eu estava aqui deitado em minha cama, quando de repente fui inundado por uma doce nostalgia dos tempos que morei na querida capital mineira. Antes de residir em Belo Horizonte, eu fui fazer uma visita para os meus amigos que moram em Venda Nova, bairro dessa conceituada capital. Quando estava aproximando da sua casa, passei por uma placa e li Vila Clitóris, achei estranho um bairro com aquele dito nome, quando mais na frente diante de uma nova placa, pude constatar que o nome do bairro era Vila Clóris, fiquei mais aliviado ufa, curiosamente esse viria ser o bairro que futuramente eu iria morar nessa belíssima cidade.
Eu adorava sentar nas praças ou no Shopping da Estação para fazer minha tradicional leitura. Se tem algo que me faz também esquecer dos problemas é o ato de ler.
Lembro-me que um belo dia fui levar uma sobrinha que estava visitando-nos na Rodoviária. O bairro vila Clóris fica pertinho da estação, então partimos rumo à rodoviária, tomamos o metrô e lá fomos nós. Como sempre carrego comigo o meu amigo livro, assim que chegamos na rodoviária despedi-me dela e continuei aproveitando o passeio andando pela cidade.
Aquele dia caminhava descomprometidamente, apenas conhecendo e observando a nossa amada capital mineira, até que num certo momento encontrei uma praça no formato de um triângulo isósceles e ali estacionei com o objetivo de realizar minha deliciosa leitura.
Naquele dia lembro como se fosse hoje, estava lendo o que seria para mim o romance mais instigante entre inúmeros que já li. Era o romance do escritor francês Victor Hugo “Os miseráveis” que conta a história de Jean Valjean, um homem muito pobre que se viu forçado a roubar um pão para saciar a fome da sua família, sendo que por causa desse ato foi condenado e cumpriu dezenove anos de prisão. Se essa lei francesa existisse aqui no Brasil o que seria dessa corja de políticos ladrões, iriam pegar no mínimo um milênio de anos por causa das suas falcatruas. Mas uma coisa digo, se a pessoa não for amante da leitura, não tem coragem de encarar esse romance, pois o mesmo são dois volumes e tem aproximadamente 1.500 páginas.
Retornando um pouco para a pracinha que até aquele momento não sabia o nome, ela era um pouco desprovida de cuidados, estava desnudada, carecendo de um tapete verde, mas em compensação tinham antigas e belas árvores, proporcionando uma deliciosa sombra e grande era o número de pássaros que ali cantarolavam. E foi nesse ambiente que passei um bom tempo degustando o meu romance, até que em certo momento parei para dar uma relaxada.
Fiquei observando o vai e vem das pessoas, os carros e de repente observei que a árvore que sob ela estava, era toda riscada com algumas mensagens. Naquele momento comecei a observar a minha mão e fiquei reparando o meu M que muitos falam que é de morte, mas que pra mim esse M representa o milagre da vida, então deixei a minha contribuição também naquela árvore e deixei gravado os dois Ms e fui prosseguir na minha leitura.
Quando o ponteiro marcava 15 horas, me despedi da praça e parti rumo à estação do metrô cujo destino seria Vila Clóris, bairro tranquilo e sossegado, onde residi por preciosos 365 dias deixando belas lembranças.
Mais tarde fiquei sabendo que o nome daquela praça que é Clemente de Faria. Lembram que falei que ela tinha um formato de um triângulo, pois então, os dois lados maiores confrontavam com a avenida do Contorno e a rua João Lúcio Brandão e o lado menor, que seria a base com a rua dos Guajajaras.
Espero que tenham gostado das minhas lembranças e muito obrigado por tão nobre atenção e gentileza.

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 29/11/2017
Reeditado em 29/11/2017
Código do texto: T6185388
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