AURORA FURTA-COR
(Samuel da Mata)
Eu estava no auditório da FEDF com mais uns cinquenta professores ouvindo dois sujeitos explicarem sobre a reposição do dissídio coletivo nos contracheques. Ambos eram claros e altos, mas um bem mais gordinho que o outro. Estavam de calças azuis e camisas brancas, pareciam mensageiros de alguma seita norte americana.
Tudo ia bem até que o mais gordinho deu um grito e caiu com a não levada ao peito. Usei o meu senso de enfermeiro e gritei:
- Pessoal o Hospital Universitário é aqui na 606 norte, levemos o rapaz para lá !
Todos olharam para mim com indignação como se eu tivesse soltado alguma piada e, ignorando a minha fala, arrastaram o moço porta a fora.
Ainda me sentindo impróprio, sai para o estacionamento. Foi aí que percebi o que de fato acontecia. Não reconheci o prédio, nem a avenida, nem o estacionamento e nem a cidade onde eu estava.
Não achei meu carro e nenhuma referência de ter estado ali. Um tanto apavorado, localizei um orelhão ha alguns metros, mas logo constatei que nenhum número que eu discasse existia, fosse de parentes, amigos ou trabalho.
Em meio a pavorosa, acordei suando frio mas convicto de que na terra da loucura a aurora é furta-cor.
(Samuel da Mata)
Eu estava no auditório da FEDF com mais uns cinquenta professores ouvindo dois sujeitos explicarem sobre a reposição do dissídio coletivo nos contracheques. Ambos eram claros e altos, mas um bem mais gordinho que o outro. Estavam de calças azuis e camisas brancas, pareciam mensageiros de alguma seita norte americana.
Tudo ia bem até que o mais gordinho deu um grito e caiu com a não levada ao peito. Usei o meu senso de enfermeiro e gritei:
- Pessoal o Hospital Universitário é aqui na 606 norte, levemos o rapaz para lá !
Todos olharam para mim com indignação como se eu tivesse soltado alguma piada e, ignorando a minha fala, arrastaram o moço porta a fora.
Ainda me sentindo impróprio, sai para o estacionamento. Foi aí que percebi o que de fato acontecia. Não reconheci o prédio, nem a avenida, nem o estacionamento e nem a cidade onde eu estava.
Não achei meu carro e nenhuma referência de ter estado ali. Um tanto apavorado, localizei um orelhão ha alguns metros, mas logo constatei que nenhum número que eu discasse existia, fosse de parentes, amigos ou trabalho.
Em meio a pavorosa, acordei suando frio mas convicto de que na terra da loucura a aurora é furta-cor.