Gastronomia do Gilson
Meus amados, demorei 53 anos da minha vida para chegar a uma preciosa conclusão. Que através da escrita eu poderia aprimorar o meu português e estou me sentindo como um adolescente que se apaixonou pela primeira vez.
Então para não perder o costume, mesmo que a inspiração não ajuda, eu tenho que arrumar algo para escrever, então conversando com a minha amiga e leitora Carla acordamos que eu iria falar sobre Gastronomia.
Sou uma pessoa que não tem essa preocupação excessiva com comida. Talvez devido as dificuldades que pela vida já passei, como de tudo e não rejeito nada, o importante é que minha fome seja saciada.
Já tem pessoas que são problemáticas para alimentar. Na minha família tem duas pessoas que se não tiver um pedaço de carne, eles não comem. Um é o meu irmão mais velho o George e o outro é meu tio Roberto. Comigo não tem coré coré, com carne ou sem carne, eu alimentarei da mesma forma, como já falei anteriormente o importante é que eu resolva o problema da orexia.
No meu lar conforme citado em outros textos, como minha mãe costurava para ajudar a renda do meu pai, alguém teria que assumir as responsabilidades da casa. E essa difícil missão acabou sobrando pra mim, meu irmão mais velho, era mais esperto, tratou logo de arrumar um serviço e foi trabalhar de office boy para Casas Guerra.
Sendo assim aos nove anos eu já assumia o fogão lá de casa e fiquei na direção do mesmo até os 15 anos. Nunca tivemos carne com frequência, mas a situação ficava mais difícil depois do dia 25. Isso acontecia por que a compra de mantimentos era realizada no início do mês e com sete bocas comendo, dificilmente ela durava até o fim deste, sendo necessário uma ginástica do dia 25 até o início do próximo mês.
Geralmente nessa época o nosso cardápio era Feijão com Arroz, as vezes revezávamos o nosso cardápio e fazíamos Arroz com Feijão, rs. Uma coisa sei, o pouco que era me concebido precisava ser realizado com todo amor e carinho. Eu começava catando o arroz, logo em seguida lavava e deixava secar, depois eu colocava óleo, deixava esquentar, colocava alho e sal e quando corava eu colocava o arroz. Para que o arroz ficasse bem soltinho eu tinha alguns cuidados entre eles: a água que seria adicionada ao arroz teria que ser quente e o arroz tinha que ser torrado um pouco, tudo isso visando um arroz gostoso e soltinho. Comigo era expressamente proibido arroz grudento. O feijão da mesma forma todo cuidado era dispensado. Quase sempre o feijão era cozido na hora temperado com óleo, alho e sal. Não poderia ser batido no liquidificador, apenas socado com o pilão.
Voltando ao improviso, algumas coisas eu costumava fazer para que complementasse o nosso cardápio, com o objetivo de ludibriar os adeptos da carne. Hoje quase não ouço falar que tem isso no açougue, mas antigamente tinha com muita frequência que era o bofe. Eu comprava o bofe, deixava aferventar um pouco e depois fritava, misturando o mesmo a um molho de cebola. Outra hora eu ia no açougue e escolhia os melhores pedaços de pelanca, aqueles que eram menos sebo e gordura, juntava uma quantidade boa e comprava a preço de banana, apesar que em alguns locais as bananas estão extremamente valorizadas. Como sempre aferventava também a pelanca e depois fritava. Eu sei que alguns podem estar achando isso horrível, mas ficava tão delicioso, que nem os cachorros comiam, por que com certeza não iria sobrar pra eles, rs.
Parece que Deus vendo a nossa necessidade, quando eu morava no barracão da dona Ritinha, tinha um pé de mamão que era muitíssimo abençoado, dava mamão a rodo. Ele só tinha um único problema, os mamões não ficavam maduros, por que verde mesmo eu pegava e faziam refogados. Também eu gostava muito de refogar folha de batata-doce, por acaso alguém já comeu?
Sei que diante de tudo isso aprendi a gostar de um prato bem simples, que ainda continua sendo o meu predileto que é um arroz bem soltinho, um ovo frito e uma saladinha de tomate.
Sabe meus queridos, talvez outras pessoas não relatariam essas coisas, mas quero que saibam, que tudo isso vos narro com alegria, por que sei que todas essas coisas foram permitidas por Deus para o meu crescimento e aprendizado nessa vida. Sendo assim de maneira alguma irei envergonhar-me do meu passado. Espero que tenham gostado da minha gastronomia, rs.
Meus amados, demorei 53 anos da minha vida para chegar a uma preciosa conclusão. Que através da escrita eu poderia aprimorar o meu português e estou me sentindo como um adolescente que se apaixonou pela primeira vez.
Então para não perder o costume, mesmo que a inspiração não ajuda, eu tenho que arrumar algo para escrever, então conversando com a minha amiga e leitora Carla acordamos que eu iria falar sobre Gastronomia.
Sou uma pessoa que não tem essa preocupação excessiva com comida. Talvez devido as dificuldades que pela vida já passei, como de tudo e não rejeito nada, o importante é que minha fome seja saciada.
Já tem pessoas que são problemáticas para alimentar. Na minha família tem duas pessoas que se não tiver um pedaço de carne, eles não comem. Um é o meu irmão mais velho o George e o outro é meu tio Roberto. Comigo não tem coré coré, com carne ou sem carne, eu alimentarei da mesma forma, como já falei anteriormente o importante é que eu resolva o problema da orexia.
No meu lar conforme citado em outros textos, como minha mãe costurava para ajudar a renda do meu pai, alguém teria que assumir as responsabilidades da casa. E essa difícil missão acabou sobrando pra mim, meu irmão mais velho, era mais esperto, tratou logo de arrumar um serviço e foi trabalhar de office boy para Casas Guerra.
Sendo assim aos nove anos eu já assumia o fogão lá de casa e fiquei na direção do mesmo até os 15 anos. Nunca tivemos carne com frequência, mas a situação ficava mais difícil depois do dia 25. Isso acontecia por que a compra de mantimentos era realizada no início do mês e com sete bocas comendo, dificilmente ela durava até o fim deste, sendo necessário uma ginástica do dia 25 até o início do próximo mês.
Geralmente nessa época o nosso cardápio era Feijão com Arroz, as vezes revezávamos o nosso cardápio e fazíamos Arroz com Feijão, rs. Uma coisa sei, o pouco que era me concebido precisava ser realizado com todo amor e carinho. Eu começava catando o arroz, logo em seguida lavava e deixava secar, depois eu colocava óleo, deixava esquentar, colocava alho e sal e quando corava eu colocava o arroz. Para que o arroz ficasse bem soltinho eu tinha alguns cuidados entre eles: a água que seria adicionada ao arroz teria que ser quente e o arroz tinha que ser torrado um pouco, tudo isso visando um arroz gostoso e soltinho. Comigo era expressamente proibido arroz grudento. O feijão da mesma forma todo cuidado era dispensado. Quase sempre o feijão era cozido na hora temperado com óleo, alho e sal. Não poderia ser batido no liquidificador, apenas socado com o pilão.
Voltando ao improviso, algumas coisas eu costumava fazer para que complementasse o nosso cardápio, com o objetivo de ludibriar os adeptos da carne. Hoje quase não ouço falar que tem isso no açougue, mas antigamente tinha com muita frequência que era o bofe. Eu comprava o bofe, deixava aferventar um pouco e depois fritava, misturando o mesmo a um molho de cebola. Outra hora eu ia no açougue e escolhia os melhores pedaços de pelanca, aqueles que eram menos sebo e gordura, juntava uma quantidade boa e comprava a preço de banana, apesar que em alguns locais as bananas estão extremamente valorizadas. Como sempre aferventava também a pelanca e depois fritava. Eu sei que alguns podem estar achando isso horrível, mas ficava tão delicioso, que nem os cachorros comiam, por que com certeza não iria sobrar pra eles, rs.
Parece que Deus vendo a nossa necessidade, quando eu morava no barracão da dona Ritinha, tinha um pé de mamão que era muitíssimo abençoado, dava mamão a rodo. Ele só tinha um único problema, os mamões não ficavam maduros, por que verde mesmo eu pegava e faziam refogados. Também eu gostava muito de refogar folha de batata-doce, por acaso alguém já comeu?
Sei que diante de tudo isso aprendi a gostar de um prato bem simples, que ainda continua sendo o meu predileto que é um arroz bem soltinho, um ovo frito e uma saladinha de tomate.
Sabe meus queridos, talvez outras pessoas não relatariam essas coisas, mas quero que saibam, que tudo isso vos narro com alegria, por que sei que todas essas coisas foram permitidas por Deus para o meu crescimento e aprendizado nessa vida. Sendo assim de maneira alguma irei envergonhar-me do meu passado. Espero que tenham gostado da minha gastronomia, rs.