RECONHECIMENTO
Concluído o livro "Turismo – Um Ato de Amor ao Corpo, à Mente e ao Espírito", cujos capítulos foram enviados aos meus contatos cibernéticos. Resta-me enviar-lhes três capítulos complementares do mencionado livro, intitulados: "Reconhecimento", "Prosa Final" e "Prefácio", este último escrito pelo generoso amigo, leitor e escritor Waldir Rodrigues Pereira.
Escrevi o capítulo denominado Reconhecimento, fazendo um paralelo entre a vida de Lula e a minha, para chegar ao âmago do que me proponho. Ei-lo, portanto:
Minha primeira viagem foi parecida com a realizada por Luiz Inácio Lula da Silva, quando este, acompanhado da família, aboletou-se, ainda criança, na carroceria de um caminhão, adaptada para o transporte incômodo de pessoas de poucos ou quase nenhum recurso. Eram os chamados Paus-de-Arara.
Lula deixou sua cidade natal ainda em tenra idade. E deu certo para ele e boa parte da família, exceto para o pai, um derrotado pelo álcool, que não teve a sorte do filho famoso. Quanta fama!
Lula foi agraciado pelos ares benfazejos do destino. E que destino! Ralou um pouco – um tiquinho de nada – nos tornos mecânicos de certa metalúrgica, decepou um dedo por imperícia, abrigou-se em sindicatos e, como sabemos, foi favorecido pelo tempo que o gratificou abundantemente. Se honesta ou malandramente, é a questão.
Reduzido número de pessoas acreditam na primeira hipótese, enquanto outras, a maioria, o têm como espertalhão, um malandro que logrou êxito na política e da política locupletou-se ao extremo de sua vivacidade, hoje questionada por mais de quinze inquéritos, tramitando em diversas instâncias superiores.
Igualmente à família do Lula, a minha despediu-se do sertão inóspito, depois do falecimento do meu pai e dos meus avós paternos, que nos sustentavam financeiramente. Sem a indispensável ajuda pecuniária de meus avós, obrigados pelo destino a cedo deixarem este mundo tenebroso, trocamos nossa cidade natal, Cajazeiras, por Campina Grande, no mesmo Estado. Viajamos mais confortavelmente do que a família do Lula, pois fomos transportados em boleias de caminhões que faziam o trânsito entre as duas cidades.
Na Rainha da Borborema, jogamos pesado com o destino. A peleja inglória resultou a nosso favor. Eu e meus irmãos arregaçamos as mangas, estudando e trabalhando, auxiliados financeiramente por minha mãe, aprendiz de costureira.
Vencemos. Não detalharei a forma com que logramos êxito. Digo apenas que, com relação a mim, apenas para particularizar este depoimento, fiquei rico. Muito rico! Iniciei minha trajetória rumo à fortuna, aos dezessete anos, transferindo-me para o Ceará, onde trabalhei como “cassaco” na construção do Açude Público de Orós. Foi ali, entre as extensas horas de trabalho, que descobri a mina que me levou à riqueza.
Se Lula está rico, eu não fico atrás. Minha riqueza é maior, mais substanciosa, mais significativa, mais durável, conquistada pelo amor. Incontáveis recursos somam-se à minha incomensurável fortuna. O nome dessa preciosidade, muitos dos meus leitores a conhecem: Matilde! Minha inseparável companheira há cinquenta e quatro anos. As joias de nossa coroa são valiosíssimas: três filhos e quatro netos.
Mas, por que escrevi esta historinha? O fiz para dizer-me agradecido a Matilde por tudo que consegui em minha trajetória de vida. Sem ela, eu não seria o rico que sou. Sem sua ajuda, não teríamos constituído a bela família que temos. Sem sua participação na produção deste livro, eu teria fracassado. Devo a ela a catalogação das 12.000 fotografias produzidas durante a viagem a Portugal, Arquipélago dos Açores, Itália e Espanha.
Sem o incansável trabalho da Matilde, selecionando as fotografias mais indicadas para cada texto, o livro não seria ilustrado como o é, mostrando aos leitores os caminhos percorridos na companhia de nossa filha Márcia, a quem dispenso parcela do meu agradecimento pela realização desse ingente trabalho fotográfico.
É este o meu sincero reconhecimento. Obrigado, minha boa Matilde! Grato por seu empenho na produção deste livro. Se fôssemos espremer as folhas impressas, e delas saíssem suor, certamente a profusão do fluido aquoso secretado pelas glândulas sudoríparas seria do seu lindo e cansado rosto.
Finalmente, peco-lhe, Matilde, para recordar esses versos que lhe dediquei no inicio de nosso idílio:
No âmago do peito sinto arder
Uma paixão desnuda e forte,
Desejando um dia aparecer
Em minha vida, tu, como consorte
Desejo realizado. Por isso, digo e repito: Sou rico. Muito rico! Cheio de amor para dedicar a essa a quem amo com todas as veras do meu coração – Matilde!