Se Eu Fosse Um Livro
Se Eu Fosse Um Livro
Lendo a incrível resenha que um Poeta amigo meu teceu acerca de si mesmo, não pude evitar que, no cume da minha mente, luzisse uma estranha ideia.
Pus-me a imaginar o que eu escreveria a meu respeito se fosse um livro.
Meu gênero, sem sombra de dúvida, seria a Poesia, uma vez que sempre me moveram súbitas percepções da Vida a mim ditadas pelo Amor.
Quanto ao número de páginas, diria que muitas tenho escritas e inúmeras ainda por se escreverem.
Reencarnacionista convicto, faria questão de afirmar a crença de que, na Imensa Biblioteca Terrestre, já estive disponível em diversas edições, todas piores do que a atual.
Introduziria minhas páginas com uma emocionada e sincera dedicatória à minha Mãe. Mulher que, em meu favor, a incontáveis renúncias se deu.
Confiaria meu prefácio ao meu Pai. Homem de quem herdei, além do nome e do gosto por Camões, um flagrante interesse pelos pequenos detalhes que compõem esta grande obra chamada Existência.
À esposa, que ainda não conheço, e aos filhos, que ainda espero ter, dedicaria meu epílogo, encerrando meu volume com a seguinte inscrição:
“De tanto amar o Eterno, fez-se eterno pelo Amor.”
Hebane Lucácius