Lembranças de um Passado distante
Como já pude relatar em textos anteriores, algo que me intriga e que me deixa extremamente fascinado é o poder que o cérebro tem de preservar flashes bem remotos na nossa memória.
Assertivamente posso afirmar-lhes que as reminiscências que aqui serão narradas aconteceram nos vilarejos de Vereda ou Cachoeira do Mato, locais onde fui criado na minha tenra infância no estado da Bahia.
Morávamos numa pequena e humilde casa, cujo piso era feito de cimento liso, e sempre pela matina eu ficava rastejando de um cômodo ao outro sucessivamente.
O Jeep que sempre de manhãzinha aparecia na frente da casa com sua eterna bip bip, era o meu pai que chegando estava do seu serviço na fazenda do velho Brás.
Essa passagem ficou bem viva nas minhas lembranças. Sempre quando chegava em casa, o meu pai trazia pães. Um belo dia comecei a chorar por que queria mais pão e ele irritado com a minha pirraça, pegou uma bisnaga de aproximadamente uns 50 centímetros e fez eu comer ela toda. Uma coisa sei, depois desse belo dia nunca mais chorei por causa de pão.
No findar da tarde meu avô gostava de pegar uma cadeira, colocava na calçada e ali ficava observando o movimento da praça, e eu sentado no seu colo fazendo-o companhia. Engraçado que coisas tão simples, ficam tão latentes em nossas memórias.
Outro fato que ficou bem vivo, foi o dia que meu tio Roberto cismou que eu tinha que andar de carrinho de rolimã, empurrando-me ladeira abaixo no quintal. Esse carrinho era constituído de uma tábua, um eixo móvel que fazia a direção, quatro rolimãs e um parafuso de cama de aproximadamente uns 15 centímetros que ligava o eixo na tábua. Conclusão não deu outra, quando descia pela ladeira, o carro parou num buraco e meus olhos foram parar no parafuso da direção, cicatriz essa que até hoje eu trago de lembrança, se não fosse a providência Divina eu teria perdido minha visão nesse acidente. Fiquei todo encharcado com o sangue que escorria, e o meu querido tio que era o caçula, levou uma baita surra do seu irmão mais velho, o Odalvo.
Nas noites o que fazia mais sucesso era o cinema que tinha no vilarejo para os adultos e as crianças ficavam ao largo brincando de pique. Roberto Carlos estava no início da sua carreira e suas músicas tocavam incessantemente.
Eu passava pela ponte e do alto ficava observando as mulheres que lavavam suas trouxas de roupas no rio. Como eu gostava de ver o vozerio das mulheres que falavam das suas tristezas e das suas felicidades. Enquanto as mães trabalhavam, as crianças ficavam brincando na correnteza. Acho engraçado que com apenas 3 anos de idade, as mulheres despertavam a minha atenção com suas roupas encharcadas no corpo. Nada de formação de ideologia, o que tem que ser nasci pronto. E quando chegava à tardinha, lá iam as lavadeiras conduzindo suas trouxas na cabeça, seguindo os seus destinos.
Tempos bons que não voltam mais. Saibam que é com bastante saudosismo que trago essas lembranças no peito.
Como já pude relatar em textos anteriores, algo que me intriga e que me deixa extremamente fascinado é o poder que o cérebro tem de preservar flashes bem remotos na nossa memória.
Assertivamente posso afirmar-lhes que as reminiscências que aqui serão narradas aconteceram nos vilarejos de Vereda ou Cachoeira do Mato, locais onde fui criado na minha tenra infância no estado da Bahia.
Morávamos numa pequena e humilde casa, cujo piso era feito de cimento liso, e sempre pela matina eu ficava rastejando de um cômodo ao outro sucessivamente.
O Jeep que sempre de manhãzinha aparecia na frente da casa com sua eterna bip bip, era o meu pai que chegando estava do seu serviço na fazenda do velho Brás.
Essa passagem ficou bem viva nas minhas lembranças. Sempre quando chegava em casa, o meu pai trazia pães. Um belo dia comecei a chorar por que queria mais pão e ele irritado com a minha pirraça, pegou uma bisnaga de aproximadamente uns 50 centímetros e fez eu comer ela toda. Uma coisa sei, depois desse belo dia nunca mais chorei por causa de pão.
No findar da tarde meu avô gostava de pegar uma cadeira, colocava na calçada e ali ficava observando o movimento da praça, e eu sentado no seu colo fazendo-o companhia. Engraçado que coisas tão simples, ficam tão latentes em nossas memórias.
Outro fato que ficou bem vivo, foi o dia que meu tio Roberto cismou que eu tinha que andar de carrinho de rolimã, empurrando-me ladeira abaixo no quintal. Esse carrinho era constituído de uma tábua, um eixo móvel que fazia a direção, quatro rolimãs e um parafuso de cama de aproximadamente uns 15 centímetros que ligava o eixo na tábua. Conclusão não deu outra, quando descia pela ladeira, o carro parou num buraco e meus olhos foram parar no parafuso da direção, cicatriz essa que até hoje eu trago de lembrança, se não fosse a providência Divina eu teria perdido minha visão nesse acidente. Fiquei todo encharcado com o sangue que escorria, e o meu querido tio que era o caçula, levou uma baita surra do seu irmão mais velho, o Odalvo.
Nas noites o que fazia mais sucesso era o cinema que tinha no vilarejo para os adultos e as crianças ficavam ao largo brincando de pique. Roberto Carlos estava no início da sua carreira e suas músicas tocavam incessantemente.
Eu passava pela ponte e do alto ficava observando as mulheres que lavavam suas trouxas de roupas no rio. Como eu gostava de ver o vozerio das mulheres que falavam das suas tristezas e das suas felicidades. Enquanto as mães trabalhavam, as crianças ficavam brincando na correnteza. Acho engraçado que com apenas 3 anos de idade, as mulheres despertavam a minha atenção com suas roupas encharcadas no corpo. Nada de formação de ideologia, o que tem que ser nasci pronto. E quando chegava à tardinha, lá iam as lavadeiras conduzindo suas trouxas na cabeça, seguindo os seus destinos.
Tempos bons que não voltam mais. Saibam que é com bastante saudosismo que trago essas lembranças no peito.