XODÓ DE FAMÍLIA

Falo seguidamente nas minhas crônicas do irmão Ricardo, de quem tenho nove anos de diferença etária. É que ele foi meu sócio de Escritório Profissional e parceiro de algumas aventuras noctívagas. Meu irmão Roberto - o Nenê - já tem 12 anos de diferença; quando eu tinha vinte anos, por exemplo, ele contava com apenas oito. Roberto é o xodó da família Conceição, preferido da mãe e orgulho do pai, sem demérito aos outros irmãos (espero). A explicação é natural: filho extemporâneo, temporão, a recomendação médica para minha mãe, gravemente cardíaca, era para que abortasse, pois sua saúde correria enorme risco no curso de uma gravidez. Chegou a ser levada à cama para os procedimentos recomendados, mas se rebelou, abandonou o local e resolveu ter o filho, fosse qual fosse o risco. E tudo correu bem, há 58 anos nasceu Roberto. Guri sério, inteligente e estudioso resolveu também ser médico como o pai e passou nos dois ou três mais disputados vestibulares para Medicina que enfrentou - de primeira e em excelentes colocações. Sempre foi um “ninja assassino” em cursos e concursos. Especializou-se em Cardiologia, mas, depois de algum tempo, quis dedicar-se a Anestesiologia. É o meu médico de confiança, por mais que ele queira livrar-se do compromisso pesado, azar é dele. Fica, portanto, bem clara a razão de ser igualmente um xodó do velho pai, que encontrou um sucessor na profissão. De minha parte, só espero não precisar consultá-lo muito. O Nenê fica, assim, aliviado e eu vou arrastando o macaquinho, o periquito da sorte e o realejo por aí.