ESTA É MILÃO – HISTÓRICA E MODERNA

Desembarcamos no Aeroporto Malpensa, em Milão, procedentes de Lisboa, às 18h15, do dia 20 de junho de 2017. Fomos recebidos pelo distinto casal Orlando e Vânia, nossos parentes por afinidade. Vânia é vice-cônsul do Brasil em Milão.

Orlando, embora sentindo fortes dores no joelho, amparado por duas muletas, dirigiu seu automóvel Mercedes Benz com destino ao apartamento onde mora, situado em zona nobre da cidade.

Chegamos à morada do Orlando e da Vânia com o dia ainda claro, embora os ponteiros dos relógios já anunciassem 21h. Algum tempo depois, a convite do casal anfitrião, fomos ao restaurante Salsamenteria di Parma. No Salsamenteria, nos deliciamos com o famoso presunto produzido na Itália. Acompanhou a iguaria, excelente frisante que bebemos em uma tigela, à moda japonesa.

Ao término de agradáveis momentos, fomos apresentados aos proprietários, amigos do Orlando, costumeiro frequentador daquele interessante lugar de gastronomia e recreação.

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Conta-nos o historiador romano Tito Lívio que a cidade de Milão, inicialmente chamada Mediolanum, foi fundada pelos celtas no ano 603 a.C., sendo conquistada pelos romanos em 222 da mesma era.

Os celtas teriam introduzido o culto ao Javali. Esculturas do animal, em bronze, encontram-se expostas em algumas cidades europeias. Milão, Florença e Bélgica, por exemplo, as exibem em pedestais onde os turistas alisam-nas na esperança de obterem alguma graça fortuita.

Importante para os interesses imperiais de Roma, e simpática a Júlio César por sua posição estratégica, Milão tornou-se a capital do império, em 292 d.C.

No ano 313, o imperador Constantino, convertido ao cristianismo, promulgou o Édito de Milão, permitindo a liberdade de culto aos cristãos da época, severamente rechaçados por seus sucessores e por ele próprio antes da conversão.

Ao término de seus estudos em Roma, Santo Ambrósio, nascido no ano 300, foi nomeado governador de Milão. Posteriormente, o santo foi aclamado bispo. Falecido em 397, tornou-se padroeiro da cidade.

O declínio e a consequente derrocada do império romano ocorreram em 476. Nessa época, Milão entrou em decadência e resultou saqueada pelos bárbaros, povos que não habitavam o império romano, tais como os francos, lombardos, hunos, visigodos e vikings.

No longínquo ano de 1162, depois de sete meses de intensa refrega com forças do imperador alemão Frederico Barbarossa, as autoridades milanesas derrotaram o inimigo ameaçador. A partir daí, apoiada pelas cidades vizinhas e pela Liga Lombarda, verificou-se um período de desenvolvimento local, com a construção de seis portas e novas muralhas.

Barbarossa significa Barba Ruiva. Barbarossa ou Kaiser Rotbart, como era tratado pelos germânicos, nasceu em 1122. Era descendente das duas mais poderosas famílias alemãs da época imperial. Com a morte do rei Conrado III, seu tio, tornou-se rei da Alemanha, em 1152.

No século XV, a Itália não existia como nação. O país era dividido em regiões autônomas, entre elas o Ducado de Milão, a República de Veneza, o Reino de Nápoles e a República de Florença. E ainda era submetida à influência e o poder de Roma.

Em 1500, os franceses invadiram o Ducado de Milão, forçando Ludovico Sforza a refugiar-se na Áustria. O ano de 1507 foi a vez de os espanhóis dominarem parte do território hoje conhecido por Itália, inclusive o Ducado de Milão.

Milão é capital da Lombardia e a mais desenvolvida e populosa região da Itália e possui dez milhões de habitantes em seus 182 quilômetros quadrados de extensão territorial.

A cidade é uma das mais ricas metrópoles do planeta, além de se distinguir como importante centro da moda, onde, também, desfilam celebridades, homens de negócio e turistas de todas as nacionalidades. Sua população é de um milhão e trezentos mil habitantes.

Na Praça Cadorna, próximo ao apartamento onde estávamos hospedados, existe um monumento em cores vermelha, amarela, verde e branca, representando uma agulha com o fio de linha, para homenagear os profissionais e a própria cidade como centro da moda.

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No dia 21 de junho de 2017, ainda ressacados da longa viagem, fomos conhecer o Castelo Sforzesco, acompanhados dos amigos Orlando e Vânia.

A impressionante edificação está situada na Praça Castelo, nas proximidades do Largo Cairoli, local onde se exibe vistoso monumento erigido em 1895, em honra de Giuseppe Garibaldi, general conhecido como o “herói de dois mundos”, devido à sua participação em conflitos na América e na Europa. Ele foi responsável pela unificação italiana. Nasceu em Nice, na França, no dia 4 de julho de 1807 e faleceu na Ilha Craprera, na Itália, em 2 de junho de 1882.

O Castelo Sforzesco é uma imponente edificação, de grande estrutura, com mais de seis séculos de história. É considerado um dos principais símbolos de Milão.

O início da construção do castelo por Galeazzo II Visconti data de 1368. Foi erguido a partir dos restos de antiga fortaleza, localizada próximo à muralha medieval da cidade. Em seu apogeu, serviu de residência às mais importantes famílias milanesas, funcionou como fortaleza, e, atualmente, abriga obras de grandes nomes das artes. Leonardo da Vinci e Michelangelo, por excelência.

Destruído em 1447, foi reconstruído por Francesco Sforza, em 1450. Sforza faleceu em 1466, sendo sucedido por seu filho Galeazzo Maria, que deu continuidade à restauração em andamento.

Em 1494, Ludovico il Moro (olha ele aí, gente!) ambientou o castelo com obras de Leonardo da Vinci e de grandes personagens das artes. Nos anos seguintes, porém, o edifício sofreu a ação deletéria de franceses e germânicos.

Passados os anos, novas agressões inimigas produziram sérias danificações ao gigantesco edifício. Algumas foram patrocinadas por espanhóis, austríacos e franceses, além de bombardeios ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial.

No que pese o domínio estrangeiro acarretar perdas humanas e materiais às possessões invadidas, decorrentes de ações bélicas entre as partes, convém destacar que o domínio francês, durante o século XVIII, resultou uma fase de desenvolvimento para Milão. Nesse período, foram construídos a Academia de Belas Artes de Brera, o Palácio Real e diversos edifícios, inclusive a conclusão da catedral, na qual Napoleão Bonaparte ansiava ser coroado rei da Itália.

Atualmente, o monumental Castelo Sforzesco abriga em suas instalações consagrados museus, tais como Museu de Arte Antiga, composto de 26 salas expondo obras dos séculos IV a XI, de autoria de renomados pintores e escultores, inclusive Leonardo da Vinci e Michelangelo.

Outros museus ali instalados são: Museu de Artes Decorativas, Museu de Instrumentos Musicais, Museu da Pré-história e da Proto-história, Museu Egípcio e Museu Municipal das Medalhas, este, com 230.000 exemplares datados dos séculos VI até os dias atuais. Agregado ao fabuloso templo histórico encontra-se a Biblioteca de Arte, contendo mais de 110.000 volumes em seu rico acervo.

Talvez a obra mais interessante exposta no Museu de Arte Antiga seja Lá Pietá Rondanini, escultura inacabada de Michelangelo, falecido em 1564. O mestre intentava colocá-la em seu túmulo. Uma das mais antigas, certamente, é a Cabeça de Teodora, esposa do Imperador Justiniano I, nascido em 482 e falecido em 565. Seu nome completo era Flávio Pedro Sabácio Justiniano, mais conhecido por Justiniano I, O Grande, e por Santo Justiniano, este último título concedido pela Igreja Cristã Ortodoxa.

O Imperador Justiniano nasceu em Bizâncio, atual Istambul, na Turquia. O título honorífico foi-lhe outorgado pelo Império Romano do Oriente. A ele é atribuída a redação do Código Justiniano, o Digesto, as Institua e as Novallae, que constituíram o Direito Romano, assegurando ao povo romano o domínio do mundo.

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Que tal ficarmos por aqui, caro leitor? Na próxima etapa você terá mais informações de Milão, de sua cultura e importância histórica. Concordamos, pois, em dar uma paradinha? Entendendo que sim, despeço-me, penhoradamente agradecido por sua costumeira atenção.