CONSERVADOR OU DE ESQUERDA?
Não saberia me classificar ideologicamente nos tempos atuais. Não tenho partido político, já votei em gente de quase todos os partidos mais proeminentes, admiro lideranças à esquerda e à direita na história do país e no panorama mundial. Nem me preocupa muito este assunto, porque sou bem maduro para ficar agitando mecanicamente bandeiras ou fazendo pose para agradar tal ou qual segmento. Eles que venham me agradar, acho que já cultivei meu terreno, cumpro meu papel e não sinto a menor necessidade de agradar A ou B. Nem tenho mais a obrigação legal de votar, embora não pretenda me omitir. Tenho amigos de esquerda que me tomam por conservador e outros que ainda me acham com viés esquerdista. Não me interessa quem tem razão, desde que não pensem ou digam bobagem. Particularmente, eu creio que, na maioria das grandes questões, tenho uma visão aberta e avançada. Sou radical apenas na defesa do direito de divergir. Como existe muito preconceito com relação a classificações e rótulos, vou abordar conteúdos. Me considero um humanista e, como tal, me incomodam nossas profundas diferenças de classe, a indiferença com a miséria e a pobreza e a apropriação do Estado pelo Capital ou por Corporações. Nunca conseguimos edificar uma autêntica República. Sou contra o estatismo, mas o chamado “Estado Mínimo” é um enorme risco para sociedades pouco desenvolvidas e não economicamente equilibradas. Não sou, portanto, um liberal, afinal, não vivemos na Inglaterra, mas acho que os liberais cumprem um papel importante no combate aos excessos intervencionistas do Poder Público. Sou relativamente conservador na exaltação da família tradicional, mas não alimento preconceitos com relação às novas realidades da modernidade, que respeito e compreendo. Cada um no seu quadrado. Acho que as drogas são o mal do século, mas fumo bastante e bebo. Não me arrependo de nenhum caminho que segui em certas fases da vida, ao contrário, tenho orgulho de todos, quer agradem, quer desagradem os que adoram julgar e colocar carimbos. Enfim, sou um pouco de esquerda, um pouco conservador e sempre gremista - como Tiago e filhos, mas com mulher, enteado, genro e netinho Vico colorados.