PARAÍSO TERRESTRE

Os Açores são um arquipélago transcontinental, autônomo, pertencente a Portugal, com 2.346 quilômetros quadrados de área territorial. É composto de nove ilhas, de origem vulcânica, denominadas São Miguel, Ilha do Pico, Ilha Terceira, Ilha do Faial, Ilha das Flores, Ilha de São Jorge, Ilha Graciosa, Ilha de Santa Maria e Ilha do Corvo.

No dia 13 de junho de 1811, uma erupção vulcânica ocorrida no mar fez surgir uma pequena ilha, denominada pelos ingleses de Sabrina. Essa nova porção de terra teria sido a décima ilha açoriana, se não tivesse submergido meses depois.

O Arquipélago dos Açores está situado entre a Europa e a América do Norte, a menos de duas horas de viagem aérea, a partir de Lisboa, Portugal.

O acesso às ilhas é realizado primordialmente por via marítima, mediante utilização de um sem-número de embarcações de diversos portes, com capacidade operacional capaz de atender as necessidades de abastecimento interno e de escoamento da produção local.

Nos percursos entre as ilhas, passageiros e tripulantes deleitam-se com singular espetáculo protagonizado por baleias, golfinhos, aves aquáticas e tartarugas, em belos rituais ou simplesmente nadando ao sabor das ondas.

Nessas viagens, eles também se deleitam com a exuberância do mar ingente, o verde das árvores à distância, o azul celeste do firmamento e as flores que embelezam a paisagem nativa às margens do percurso, perfumando o ar de montes, planícies, bacias e lagos originados de ações tectônicas milenares.

As ilhas desse conjunto de extraordinária beleza foram consideradas pela revista National Geographic como as segundas melhores ilhas do mundo, no tocante à sustentabilidade.

O litoral das ilhas dos Açores é de beleza incomparável. Um paraíso marinho classificado entre os três melhores locais do mundo para se observarem as exibições naturais de baleias e golfinhos.

Peço vênia ao escritor Raul Brandão para transcrever texto de sua lavra, publicado em revista de bordo da TAP, a respeito das hortênsias floridas que vicejam às margens das rodovias açorianas, entre outros privilegiados lugares. Disse ele:

"Originárias do Japão, a espécie foi trazida para os Açores na segunda metade do século XVIII, multiplicando-se por todas as ilhas, criando cercas vivas, separando terrenos e ladeando as estradas são um símbolo dos Açores, como as paisagens verde-esmeralda, o mar azul-celeste, no contraste das águas com o basalto negro e a flora exuberante. O arquipélago é considerado um dos destinos mais verdes do planeta e tem um peculiar modo de vida marcado pela insalubridade e pelas variadas delícias gastronômicas. Saiba ainda que as hortênsias a que os nativos chamam “novelo” começam a florir durante a primavera".

A detalhada descrição do escritor Raul Brandão é fiel retrato da incomparável beleza açoriana. Tentarei reportá-la aos meus leitores da forma como ele o fez aos seus, ou seja, fiel e magistralmente. Não será fácil.

A atividade pesqueira do arquipélago merece destaque pela relevante produção de espécimes piscatórios. O atum, por exemplo, é pescado em grandes quantidades. Estes e outros animais marinhos são abundantemente levados às mesas açorianas e exportados mundo afora.

A gastronomia é rica e diversificada. Satisfaz as exigências de nativos e visitantes, oferecendo-lhes saborosas caldeiradas de peixe e diversificados pratos constituídos de moluscos, tais como o polvo cozido em vinho de cheiro. Destacam-se, ainda, o arroz de lapas e outros alimentos preparados nas caldeiras naturais da Lagoa de Furnas, da qual falarei oportunamente.

O Arquipélago dos Açores é um fabuloso presente outorgado pela Mãe Natureza não somente aos privilegiados açorianos, mas, também, à comunidade portuguesa, em particular, e a tantos quantos se dispõem a conhecer essa singular beleza, de consagrada aceitação turística.

O denominado Turismo de Natureza encontra no Arquipélago dos Açores tudo que se deseja contemplar. As fotografias que tiramos para ilustrar o livro que escrevi sobre o passeio, servirão para ilustrar o que tentei fazer, maravilhado com o que vi. Se o consegui, não sei. O leitor dirá. É pena que sejam vistas apenas no livro, pois, será impossível reproduzi-las neste texto para remetê-las via internet, por serem excessivamente pesadas.

Visitamos essa famosa ilha, repositório de extraordinária e indescritível beleza, nos dias 17 a 19 de junho de 2017. Hospedados em hotel de categoria superior, contamos em nosso périplo turístico com a grata companhia de ilustre açoriano, cujo nome não revelarei para preservar-lhe a identidade. Esse amigão não mediu esforços para nos acompanhar por todos os lugares visitados em sua terra natal. Ele fez-se nosso motorista, cicerone, guia e anfitrião.

São Miguel é a maior ilha do arquipélago, medindo 62 quilômetros de comprimento por 15,8 de largura. Sua população supera 138 mil habitantes, distribuídos por 744 quilômetros quadrados de área urbana.

Segundo relata a história, a Ilha de São Miguel foi descoberta por navegadores portugueses entre os distantes anos de 1427 e 1431, tendo sido povoada, inicialmente, por habitantes das regiões portuguesas de Estremadura, Algarve e Alentejo. Tempos depois, chegaram os mouros, judeus, franceses e ingleses.

Ponta Delgada é a capital da Ilha de São Miguel. Foi elevada a vila por D. Manuel, em 1499, e à categoria de cidade, em 1546. A primeira capital da Ilha foi Vila Franca do Campo, destruída por um terremoto, em 1522. Ponta Delgada conta com uma população de 65.000 habitantes.

Em nossos deslocamentos pela Ilha de São Miguel, avistamos verdes e suculentos campos de pastagem para os animais, especialmente bovinos. O rebanho dessa espécie atinge considerável cifra, estimada em um milhão de cabeças.

O milho é cultivado para servir de ração animal, após atingir o ponto de colheita. As máquinas agrícolas trituram a forragem juntamente com os grãos, misturando-os às folhagens nativas e enfardando-os para servirem de alimentação aos bovídeos em períodos de escassez.

A cada dia de nossa estada, visitamos os mais destacados pontos turísticos do lugar. Nosso amigo não se cansou de nos levar aos locais da mais alta significação turística. Por todos esses dias, frequentamos os chamados miradouros, interessantes pontos que nos proporcionaram vistas fascinantes, tais como montanhas e vales revestidos do verde exuberante da copa das árvores e da relva nativa.

Estivemos em visita a Lagoa das Sete Cidades, importante área endêmica, isto é, nativa e restrita a determinada região geográfica, onde ainda se observam vestígios da vegetação primitiva, como o cedro do mato, a angélica e o avezinho, entre outras espécies. A região também serve de passagem a aves migratórias, algumas originárias desse privilegiado habitat.

O único jeito de não cansá-lo, caro leitor, é fazer uma pausa nesta descrição, retornando-a na próxima etapa. Na oportunidade, farei o possível para você não perder o “fio da meada”. Até a próxima! oportunidade!