A GLÓRIA É UM MODISMO
Quando eu digo que a glória por certos feitos de repercussão e importância praticamente não deixa marcas, ou muito poucas, é porque já vi de tudo. Carpe diem, o passado passou. Ontem mesmo estava relembrando casualmente a trajetória de MEQUINHO, que quase ninguém mais lembra, só os mais afeitos. Henrique Costa Mecking foi campeão gaúcho de xadrez (é nascido em Santa Cruz do Sul), brasileiro e sul-americano, nos anos 70, sendo que, em 1977, foi ranqueado como o terceiro melhor do mundo. Aos 20 anos, obteve o título de Mestre Internacional de Xadrez. Com 26 anos, teve de abandonar a carreira, pois sofria de miastenia grave. Converteu-se a uma determinada linha religiosa católica, fervorosamente; hoje, aos 65 anos, mora em Taubaté, parece, e ainda disputa competições enxadrísticas. Tantos artistas (bons ou maus) são badalados, tantos atletas e personalidades, que não me conformo com a desatenção aos nossos grandes gênios, que mostraram ao mundo que o “complexo de vira-lata” brasileiro é uma enorme bobagem. Mequinho é demonstração de inteligência, dedicação e disciplina, mas quantos sabem disto ou têm consciência para avaliar o significado disto no contexto do país e do mundo? Claro, o Brasil não é a antiga União Soviética, onde o jogo de xadrez era bastante valorizado, mas tinha muitos apreciadores por estas bandas, inclusive eu, meu pai, mais tarde meu filho. Possivelmente Mequinho esteja numa boa, feliz, no interior de São Paulo, mas está desaparecendo das páginas mais coloridas de nossa história de conquistas e façanhas. A Glória parece um modismo.