Quando eu tive coragem de me buscar lá no fundo de uma caverna escura
Busca. árdua busca. Cabeça pesada. Sonhos como códigos. Sono. Pressa de desvendar. Ainda é cedo. Cessa o medo. Acredito estar na trilha certa. Sigo com perspicácia.
Como deixar de ser o que se era e passar a ser algo novo? É que, às vezes, somos a máscara estampada na cara para escamotear a nossa verdadeira essência. Precisamos arrancar as máscaras e penetrar em nosso eu, para que ele não deixe de brilhar a sua alma para quem tenha um olhar atencioso e nos capte.
Estar em paz. Estar aberto para as mudanças. Aceitar o desafio de vencer antigos vícios, manias. Procurar meditar para, então, mergulhar nesse eu que precisa de cuidado. Buscar compreendê-lo. Sabê-lo imperfeito e buscar o aperfeiçoamento sempre. Dúvidas, medos, anseios - companheiros do percurso.
Busca, penosa busca. Conceitos, dilemas, sensações. O mundo passando em frente aos olhos em uma velocidade bruta. O que compreender, o que pescar dessa alvoroço chamado existência acelerada?
Parar é necessário, já que muitas vezes se corre pra nada. Corre-se como forma de não ter tempo para estar consigo mesmo. E os vazios se proliferam como câncer. Esvaziar-se disso também é importante. Encontrar o nirvana! Mas como se faz? Como se busca corretamente? O caminho pode ser o princípio da libertação.
Esvaziar-se. Chegar ao estágio do não pensamento. O estágio zero. Perfeita conexão com o cosmos. Estar no centro de si mesmo, onde as verdadeiras questões se encontram como luzes guiando-nos na escuridão.
Escrever para acalmar-me. Entender o que se passa agora na mente. Esse cansaço faz parte da busca. Essa cabeça pesada faz parte da busca. No começo, o peso. Depois, a leveza. Uma coisa de cada vez. Seguir meditando para flutuar em órbitas nunca antes pensadas. Estar em perfeita sintonia com os anseios, os desejos e as questões. Respondê-las profundamente. Mas como se faz isso? O mestre diz que é parte da busca. E isso deve ser apenas o começo. O se lançar em movimento contínuo para fecundar nossas chances de felicidade.
Agora as coisas não doem como antes. Meu olhar é calmo, quase contemplativo. Preciso me deter nisso que agora passa pela minha mente. É uma sensação de entendimento. Um “sei lá” de quase paz. Alguma coisa está nisso que preciso mergulhar. Meus sonhos me dizem coisas em silêncio. Preciso desvendá-los. Esse cansaço depois dos sonhos é porque as questões precisam estar em xeque. Eu acredito nisso e sigo, entendendo a importância do caminhar, onde cada etapa é um processo de entendimento.
Escrevo para esvaziar-me. Entender os processos em mim. Processos dessa busca maior que não devo abandonar.
Sinto que é esse o caminho. Doloroso no começo. Mas é preciso não desanimar; é preciso alimentar a persistência todo dia; insistir no desejo de superação. Acreditar que se chega lá, com confiança e fé, paciência e calma.
Os dragões vão ser domados e o corcel branco será libertado.
Tudo fará sentido! Tudo! Dê tempo para o tempo de maturação. Lá na frente terá sentido todo esforço. Namastê!
(2006/2007)