SORTE
Nunca ganhei qualquer sorteio e, no passado distante, até apostava razoavelmente em diversas lotos, “raspadinhas” e coisas do gênero. Então, felizmente e em tempo hábil, concluí que, definitivamente, não era minha praia. Como nunca mais gastei dinheiro em loterias, poupei bastante e, conseqüentemente, ganhei: não preciso me preocupar muito com o preço do meu vinho tinto chileno. Quando ainda era advogado do Banco, achei boa uma oportunidade de ingressar em certo consórcio de veículos, já que a taxa de administração para funcionários era uma barbada de 6% ao ano. Encarei a matéria como poupança forçada, com vistas ao futuro. Faltando oito meses para seu encerramento – prazo de 60 meses – constato que já houve 334 contemplados e apenas 18 na espera. Claro que não fui e nem pretendo ainda ser contemplado, mas o fato em si constitui prova indiscutível de que minha sina não é a de ser favorecido em loterias de benesses materiais. Quando, por exemplo, me ligam para dizer que fui “escolhido”, “contemplado”, “sorteado” para isto ou para aquilo, respondo logo que é engano, não dou bola e desligo.