PERSPECTIVAS DE VIDA LONGA
Estou à beira dos 71 anos e, assim, me ocorre pensar sobre um amanhã eventualmente mais longínquo. É impossível prever o futuro, mas é inevitável pensar na hipótese de uma vida que ultrapasse os oitenta, quiçá, os noventa anos, como alguns da família. Claro, no meu caso, a tendência não é chegar a tanto, pelo jeito de viver, mas quem pode saber? Vejam bem, minha mulher recém completou 47 anos, teoricamente, tem muito chão pela frente. Meus cachorrinhos Poodle estão na faixa dos dez anos, meus filhos e netos levam vida boa e independente, meu enteado já alcançou os 21 anos. E agora, José? Vamos dizer, só para argumentar, que tudo siga estável e tranqüilo por mais uns dez anos, o que já significa bastante. E depois, se houver um “depois”? E se, ao invés de dez, a coisa toda se esticar por ainda mais tempo? É inevitável que eu assim cogite, com a mais pura racionalidade. Será bom, será ruim? A existência humana é um mistério e sói apresentar surpresas a cada esquina. Vale, neste passo, a combinação de duas grandes idéias-força: a do “carpe diem” e a do cultivo do planeta interior. Aviso aos navegantes: não tenho nenhuma pressa, mas longe de mim os projetos matusalêmicos. Enquanto isto, um bom vinho cabernet sauvignon e um cigarrinho – que a grande maioria abomina, nem percam tempo com pregações a respeito. Aliás, não reclamo da quantidade de doces que comes, do exagero dos teus exercícios físicos ou do teu alarmante regime alimentar. Por último, recursos não deverão faltar. Não quero repetir Jorginho Guinle, a quem se atribui: “Planejei viver até os 80 anos, cheguei aos 88, me ferrei”.