A SIMETRIA DOS DEDOS
O título deste texto, uma crônica ilustrada com um poema “SIMETRIA DOS DEDOS” trata exatamente da preservação destes que são se não os mais, um dos conjuntos de órgãos dos mais vitais e importantes do corpo humano.
No meu caso, enquanto violonista, as mãos e os meus dedos são a minha vida, ao que diuturnamente eu agradeço a Deus toda bênção recebida. Deus me deu o dom da música, da poesia e da arte e para isso me deu mãos perfeitíssimas.
Apenas a guisa de ilustração, posto que eu não seja expert em anatomia, lembro que cada uma das nossas mãos tem cinco dedos (1 - o polegar, o mais curto e mais grosso deles, 02 – indicador, 03 – médio, 04 - anular e 05 – mínimo ou mindinho). Cada um dos dedos tem uma função específica, mas ás vezes é usado individualmente para certas atividades. Tem gente que usa o mindinho para limpar os orifícios do nariz. Ah! Ah! Ah! Ah! Porquice isso não?
Nós os violonistas por exemplo, quando trabalhando no braço do violão numa determinada escala sincronizamos individualmente os dedos para apertar e ao mesmo tempo dedilhar (tocar) as cordas. Todos os dedos da mão esquerda (dos destros) são usados concomitante na formação de determinados acordes. Aqui a simetria perfeita é que permite também a perfeição do acorde e do som. Já os dedos da mão direita é que ferem as cordas tirando os sons. Nesse particular os dedos indicador, médio e anular são os bambas na hora dos arpejos.
Nenhum dos dedos é igual em termos de tamanho. E essa diferença de simetria é que permite o nosso uso deles com mais precisão em noventa e nove por cento das nossas atividades diárias desde a mais tenra idade.
Com naturalidade e automaticamente o bebê toca o corpo da mãe primeiro com um dos dedos, depois com os outros intercalados um a um e por fim é que fecha a mãozinha no intuito de segurar alguma coisa que nem está vendo, principalmente os seios.
Essa diferença de simetria dos dedos é, guardadas as proporções, igual aos dos tentáculos das lulas, dos polvos, das pernas dos siris e caranguejos, dos aracnídeos, de determinados insetos, escorpiões, etc. Claro, certamente tudo tem uma razão de ser. Nada existe e está ao nosso redor por acaso. Também não pretendo entrar nessa seara. Aqui a minha proposta é poetar com os dedos.
Os meus dedos simetricamente
Buscam os teus cabelos lindos
E vão às cordas do violão.
Passam pelo teu rosto indo,
Acariciar bem levemente
A capa fina do teu coração.
Os meus dedos simetricamente
Foram talhados para o amor.
Hora correm freneticamente
Separando os espinhos da flor.
Depois macios, serenamente
Com o violão livram-te da dor.
Nota:
A rigor, salvo alguns casos congênitos em que os bebês nascem com determinadas anomalias ou mesmo acidentais, nascemos e crescemos com todos os órgãos perfeitos.
Infelizmente, por conta de abusos diversos, principalmente com alimentação inadequada, consumo de bebidas alcoólicas, tabacos e drogas de todas as naturezas, mal uso de veículos dirigindo em velocidade incompatível com o local e em locais perigosos, mal uso de armas de todos os tipos, etc., inclusive, já no segundo decênio do século XXI, envolvimento em duelos como os cowboys de quinhentos anos atrás, o homem antecipadamente se deteriora ou causa para si acidentes de consequências irreparáveis.
Cada partícula, cada órgão, desde a unha do menor dedo do pé (mínimo ou mindinho) ou um fio de cabelo, até o corpo completo tudo tem importância máxima e precisam estar funcionando sincronizados durante a vida inteira de um ser humano, durante as vinte e quatro horas do dia ininterruptamente. Qualquer avaria em um deles causa transtornos, ás vezes de difícil reparação.
CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR.