Os livros salvaram a minha vida
Livro tem, “só não tem leitor”
(Eu mesmo)
Uma coisa temo de admitir, ou temos que admitir: o governo espalhou livro pra tudo quanto é lado. Chegou até ao ponto de permitir a impressão de livros que, ironicamente, foram “fomentados pelo governo contra o próprio governo”. Ou, em outras palavras, no mínimo, livros desconformes com o que ele, Governo do Estado de São Paulo, aparentemente espera do povão. Livros como o 1984, do George Orwell, que encontrei na lista dos pré-selecionados para serem distribuídos no ano de 2011, que certamente tratam de assuntos (a título de possíveis comparações conspiratórias), que não me parece compatíveis com planos de nossos governantes (palavras chaves: elite, políticos, empresários, maçons (?)...). Organização social política econômica que visa o bem estar de uma minoria privilegiada... Do you understand?
Porém, eles com toda certeza, sabem que brasileiro em geral não lê, e que nosso sistema de ensino está falido a muito tempo (temo que temos que reconhecer que não há temor algum por parte do governo, de uma “revolta dos livrinhos” ¹). Então porquê e para que, ele cria tais programas? Para gringo ver? Mais um dos programas pra gringo ver? Do tipo: “alfabetizados que não sabem ler, nem escrever, mas que concluíram os estudos. Somos desenvolvidos agora, viva!”.
However. Fora esses livros vindos do PNBE (Programa nacional biblioteca da escola), sebos e livrarias, virtuais ou físicas, é o que não faltam também. O que falta então né? Sim, claro, é isso, deve ser isso, só pode ser isso. Você tem toda razão. Não adianta nada mesmo dar a vara nas mãos de quem não sabe pescar. Não adianta nada a cidade está cheia de livros, e fazer da presença deles por si só, um estimulo mágico a leitura. Como se o livro fosse encantar a criança só dela olhar pra ele. Não é assim que a coisa funciona. Estamos falando de livros, o hábito da leitura, que faz parte de todo um processo, e não de pedra de crack (que vicia rápido), né mesmo dona secretaria de Educação!
Então como despertar o interesse da molecada pra leitura?
A minha reposta particular para isso é: não sei. Porque, ao meu entender, o gosto pela leitura tem que começar cedo, o exemplo e incentivo maior deve vir de casa, dos pais. Mas como, se os de casas não tem o habito da leitura, porque os pais deles também não tiveram... E a escola pode até ter sua biblioteca, mas não tem um projeto que a faça útil (a minha pelo menos não tinha). Como competir com esses pais desinteressados, desorientados ou ocupados demais com a sobrevivência de sua família e afazeres do dia a dia? Como disputar com o whatsapp, o facebook, a tevê, as séries, a moda da vez, o funk, os jogos virtuais, as paqueras, drogas, sexo, narguilé, moto, carro... Como? Como encaminhar esses interesses para o interesse em livros, em leitura? Só um milagre mesmo para desviar esses jovens dessa vida maravilhosa, repleta de coisas fantásticas para se fazer, para se prestarem a ler a bosta de um livro chato! Sim, é que eles acham dos livros. Eu também pensava assim. Isso até o milagre dos livros mudarem a minha vida. Não, não foi por conta de algum programa de fomento a leitura, nem por incentivo dos meus pais (Pai, analfabeto, ajudante de pedreiro. Mãe, ensino fundamental incompleto, diarista), nem um bom professor que apareceu no meu caminho (coisa raro de se ver. E eu já falei como era a minha escola, né?), não foi nada disso. O milagre foi um vizinho, que, por um desses acasos da vida, cativou a minha irmã mais nova para os livros, e eu graças a ela, mesmo que resistente no começou, fui aos poucos tomando gosto pela leitura também. Eu tinha dezessete anos, e só havia lido dois livros em toda minha vida até então, “O rouxinol e a rosa” e “Memórias póstumas de Brás cubas”, que aliais na época, não entendi patavinas do que se tratava. Todos os dois foram me impostos no tempo de escola. Talvez, não me lembro agora, os professores que me fizeram ler esses livros, fossem uns dos raros professores que davam algum importância aos livros, mesmo que sem muita noção, como foi o caso do que me mandou ler Machado de Assis...
¹A revolta dos livrinhos, de Aldo domingos santos, lielba ramos, lie a. Kobayashi:
Na escola Recriar, tudo parecia normalmente: os alunos frequentavam as aulas e, nos momentos de lazer, se divertiam na sala de TV, no salão de jogos, no parquinho... Mas e a biblioteca? Por que ficava sempre tão vazia? A escola nunca mais foi a mesma depois que os livros resolveram protestar contra o abandono que sofriam e mostrar a importância que deveriam ter na vida de todos os alunos. O livro traz a história de uma verdadeira revolução que mostra que os livros são fundamentais, desde cedo, para ajudar a formar pessoas mais preparadas para a vida.