CONTRADIÇÕES

É difícil definir uma pessoa, mais complicado ainda é autorretratar-se, como tenho tentado fazer para deixar uma ideia para os pósteros. Já classifiquei pessoas, companheiros, por “departamentos”: um para discutir política e economia, outro para falar de futebol e mulheres, outro para filosofar sobre a vida. Dá menos confusão e mais rendimento. Mas, tudo muda no vendaval do tempo e das circunstâncias. Sem nota de tristeza, observo que o grau de solidão, e conseqüente individualismo, só tende a aumentar. Talvez menos para os que curtem o lance “de se inserir”. Sou mais de ficar na minha. Acho legal o coroa que sai de casa freqüentemente para desfrutar de um carteado, roda de viola, futebol no estádio, um show qualquer, um campeonato de bocha, academia ou para dar uma “banda” no shopping. Não é minha praia. Claro, durante muitos e muitos anos lecionei à noite, cursei a Aliança Francesa, aulas de Inglês, joguei boliche, fui a cinema, teatro, frequentei todas as danceterias, formaturas, aniversários, casamentos, congressos, visitei amigos. Passou. Não quero mais frequentar tanto. Só de quando em vez, senão, também, a mulher me mata: ela não é coroa. Os programas de férias, certas viagens, eventos, idas a Gramado, ajudam a compensar. A fase é de contradições: gosto de eventos e adoro viajar, mas priorizo o conforto e as facilidades; curto bares e restaurantes, mas fumo bastante e bebo sempre um bom vinho; acho que sair é bom, mas os cachorrinhos me preocupam; gosto de caminhar, mas odeio a liturgia da coisa; aprecio rever amigos, mas tenho dificuldades para assumir compromissos e de me sentir obrigado, em ambientes não tão acolhedores e livres. Socializar é importante, mas ficar bem à vontade igualmente. A mulher também concorda. Enfim, como dizem: #prontofalei.