A DOR E A PERDA
Pelo tanto que já observei e senti na vida, é fácil compartilhar alegria, sucesso, realizações individuais, mas a dor, o insucesso, a frustração, o sofrimento, enfim, nunca é passível de compartilhamento satisfatório. Podem passar a mão na sua cabeça, eventualmente um colo, um ombro, palavras amigáveis, atitudes solidárias, generosas, mas o que incomoda fundo é coisa apenas sua, com a qual tem de saber lidar: quanto mais preparado for, mais rapidamente poderá, talvez, mitigar o sofrimento. Somos de uma geração que aprendeu na marra a enfrentar a desdita, o fracasso, as dificuldades da matéria e do espírito. E assim mesmo, é assaz complicado, para dizer o mínimo. Temo bastante pelas novas gerações, animicamente mais frágeis e pouco preparadas para suportar as adversidades. Quem muito recebe, aguça o querer e administra mal a carência, o desapontamento. E, na existência, a gente perde mais do que ganha. Qualquer perda é dolorosa, ninguém está plenamente apto a superá-la, mas quanto mais forte for a sua individualidade, seus grandes objetivos, sua fé, sua convicção, com base numa experiência árdua e comprometida de vida, mais difícil fica sucumbir e entregar os pontos. Você pode compartilhar, é claro, todo apoio é positivo, mas aquele nó do sofrimento interior, só a gente mesmo é capaz de desfazer. E haja força.