A menina e as crisálidas
Antonio Feitosa dos Santos
Eu não sei se consegui dormir. A imagem era nítida e real. No pátio do colégio havia muitas e pequenas jardineiras, nessas haviam flores diversas, mas as roseiras destacavam-se, não por seus espinhos, mas pela beleza de suas rosas.
No final de um cumprido corredor, havia uma goiabeira, onde em tempo de frutos os sanhaços, os sabiás e outros pássaros faziam uma algazarra.
Nos pequenos jardins e nos frutos caídos ao chão, borboletas nutriam-se, e voavam, colorindo aquele espaço, como que num conto de fadas, quando povoa a mente de uma criança.
No intenso clarão daquela manhã, eu ia e vinha de um canto a outro do pátio, observava os voos das crisálidas, que como eu, mudava de um lugar ao outro, como se a beleza de cada flor, despertasse um interesse diferenciado da outra, tornando-a irresistível aos olhos das multicoloridas lepidópteros diurnos.
Embaixo da goiabeira, uma linda menina observava o vai e vem das borboletas. Elas não cessavam de voar, mal pousavam e já estavam no ar novamente. Parei e olhei na sua direção. Ela era encantadora, cabelos longos, corpo alongado e esguio. Ele permanecera estática contemplando as criaturas do grande mestre divino. Era ela a beleza entre as belezas ali postadas.
Por que eu estava ali? Não carregava livros nem vestia a roupa usada para o colégio. Não entrava no prédio e tão pouco na sala de aula. Onde estariam os outros alunos? O que viera fazer a menina? Comtemplar as crisálidas? Atônito interrogava-me e por um instante parado contemplava.
Como num passo de mágica, ela gira a sua mão direita aos quatro cantos do pátio do colégio e aponta para o firmamento. As borboletas obedecem-na agitam bem mais as suas azas e parte enfileiradas rumo ao infinito. A menina cria aza e voa na mesma direção esvoaçando as belas madeixas soltas aos ventos.
Parado estava e parado fiquei. Só o perfume exalado das rosas envolvia o meu corpo e me fazia sonhar com a deusa que voara.
Será que ela me viu? O que poderia ter pensado se me visse? Sei lá, nem sei se me percebeu! Mas as borboletas sim, essas me viram e giraram por vezes ao meu redor.
Ah! São quase oito horas e tenho que trabalhar. Esbocei um sorriso fosco, espreguicei-me, estirei as pernas e me levantei. Mais um dia de trabalho e estudos me esperavam. A imagem daquele pátio acompanhou-me no trabalho e por certo na sala de aula, por longas horas da noite até que o sono viesse me fazendo dormir para os próximos sonhos.
Rio, 12/01/2013
Postado por Antonio Feitosa dos Santos
Em 1/7/2017 às 15h03
Antonio Feitosa dos Santos
Eu não sei se consegui dormir. A imagem era nítida e real. No pátio do colégio havia muitas e pequenas jardineiras, nessas haviam flores diversas, mas as roseiras destacavam-se, não por seus espinhos, mas pela beleza de suas rosas.
No final de um cumprido corredor, havia uma goiabeira, onde em tempo de frutos os sanhaços, os sabiás e outros pássaros faziam uma algazarra.
Nos pequenos jardins e nos frutos caídos ao chão, borboletas nutriam-se, e voavam, colorindo aquele espaço, como que num conto de fadas, quando povoa a mente de uma criança.
No intenso clarão daquela manhã, eu ia e vinha de um canto a outro do pátio, observava os voos das crisálidas, que como eu, mudava de um lugar ao outro, como se a beleza de cada flor, despertasse um interesse diferenciado da outra, tornando-a irresistível aos olhos das multicoloridas lepidópteros diurnos.
Embaixo da goiabeira, uma linda menina observava o vai e vem das borboletas. Elas não cessavam de voar, mal pousavam e já estavam no ar novamente. Parei e olhei na sua direção. Ela era encantadora, cabelos longos, corpo alongado e esguio. Ele permanecera estática contemplando as criaturas do grande mestre divino. Era ela a beleza entre as belezas ali postadas.
Por que eu estava ali? Não carregava livros nem vestia a roupa usada para o colégio. Não entrava no prédio e tão pouco na sala de aula. Onde estariam os outros alunos? O que viera fazer a menina? Comtemplar as crisálidas? Atônito interrogava-me e por um instante parado contemplava.
Como num passo de mágica, ela gira a sua mão direita aos quatro cantos do pátio do colégio e aponta para o firmamento. As borboletas obedecem-na agitam bem mais as suas azas e parte enfileiradas rumo ao infinito. A menina cria aza e voa na mesma direção esvoaçando as belas madeixas soltas aos ventos.
Parado estava e parado fiquei. Só o perfume exalado das rosas envolvia o meu corpo e me fazia sonhar com a deusa que voara.
Será que ela me viu? O que poderia ter pensado se me visse? Sei lá, nem sei se me percebeu! Mas as borboletas sim, essas me viram e giraram por vezes ao meu redor.
Ah! São quase oito horas e tenho que trabalhar. Esbocei um sorriso fosco, espreguicei-me, estirei as pernas e me levantei. Mais um dia de trabalho e estudos me esperavam. A imagem daquele pátio acompanhou-me no trabalho e por certo na sala de aula, por longas horas da noite até que o sono viesse me fazendo dormir para os próximos sonhos.
Rio, 12/01/2013
Postado por Antonio Feitosa dos Santos
Em 1/7/2017 às 15h03