A IMAGEM QUE LEGAMOS
Ocorrem tantos infortúnios súbitos, seja no meio de familiares e amigos – reais, virtuais ou em ambas as esferas – que sinto necessidade de promover registros por escrito. A gente nunca sabe que tipo de imagem legará à posteridade. Certas idéias são corroídas por nossa aberta autocrítica. Outras, pela natural censura dos que são mais próximos e que gostariam que não tivéssemos tal ou qual defeito. Acontece com todo mundo. Muitas pessoas são lembradas por suas idiossincrasias e excentricidades, defeitos ou fraquezas, mesmo que com muita afeição e saudade. É característica do ser humano. Tudo bem, isto não vai mudar. Só escapam os santos e olhe lá. Eu próprio faço isto com pessoas queridas que já partiram. A questão aqui é outra: o que realmente de bom, de virtuoso ou de apreciável os que se foram legam aos pósteros, além das obviedades. Não vou entrar, portanto, na seara pertinente a caráter, aos feitos da paternidade, conquistas pessoais ou profissionais, papel familiar, contribuição cultural e social - grandes temas em que a grande maioria se concentra para examinar a passagem do indivíduo. Geralmente, controversos ou, ao menos, com múltiplos enfoques. Sendo texto pessoal, assinalo algumas coisas importantes, ao lado dos “101 defeitos de um homem”, que o pai me escreveu na juventude. Vou enunciar o mínimo de situações OBJETIVAS: não foi fácil viver 4 anos, a partir dos dez, afastado da família; num período tumultuado, não foi fácil escolher caminhos com 18 anos de idade; muito difícil foi recomeçar a vida separado e com filhos, aos 42 anos de idade, coincidentemente com recomeço profissional; não foi e nem é tão simples casar novamente depois dos 60, assumir novo filho com sete anos, reestruturar-se e tudo preservar, em harmonia.