SURREALISMO EM PAÍS VIZINHO (CASO VERDADE)

Um amigo foi escalado para investigar duas altas figuras de um determinado Poder, numa Província distante situada na República das Bananas. Uma delas, vice da outra e antigo parceiro de trabalho e negociatas, contratara assassino profissional para executar o agora adversário. Briga por dinheiro e poder, é claro. Ocorre que o assassino, “ un tueur à gages”, também era qualificado estelionatário. Exigiu e recebeu metade do preço adiantado e, mais estelionatário do que assassino, deu no pé com a bolada que embolsou. É claro, o contratante não se conformou, e convencionou com novo pistoleiro o assassinato tanto do ex-amigo, como do matador vigarista. O boato espalhou-se no meio criminoso e o estelionatário pediu proteção policial, delatando as altas autoridades bananais. Daí, portanto, tornou-se inevitável a investigação por quem de direito. Sobrou para ele, casualmente, a tarefa espinhosa. Ouvidos muitos pares, examinada grande quantidade de documentos, verificou-se uma descarada sucessão de desvio de dinheiro público, da parte de ambos os contendores. Para resumir, nada efetivamente aconteceu a título de sansão e uma das excelências, inclusive, acabou promovida a missão ainda mais nobre e elevada na cúpula da República das Bananas. Dentre coisas fantásticas praticadas em nível provincial, a pessoa que hoje parece ocupar relevante função naquele país, questionada sobre certa apropriação ilegal, explicou ter encontrado a melhor solução para enfrentar doença de sua avó. Depois de tudo, meu amigo abandonou o mister e hoje planta bananeiras.