Fora Melancolia
Não sei se é do conhecimento de todos, mas sou aposentado por depressão, fato esse relatado na minha crônica "Por um triz", e desde o momento que me aposentei, tive que tomar algumas atitudes, se quisesse driblar a tão falada depressão.
Comecei por um tratamento, no qual até hoje tomo alguns remédios, mas, como achava que isso não estava suficiente, tomei a decisão de mudar de ares.
Então do momento que me aposentei em diante comecei uma longa jornada. Comecei indo morar e estudar num seminário teológico em Arujá-SP onde fiquei por dois anos. logo em seguida devido a um convite pra trabalhar voluntariamente com uma igreja, resolvi descer mais um pouco geograficamente e em 2004 fui para a cidade de São José-SC onde fiquei até outubro de 2012. Diante do encerramento do trabalho, resolvemos voltar para região sudeste e instalamos na capital mineira, onde morei por um ano. Resolvi mudar mais um pouco e fui morar em Natal-RN, onde resolvi construir umas quitinetes. Uma vez que não fui bem sucedido na construção das quitinetes devido um calote que aconteceu ocasionado por um construtor, novamente tomei a decisão de mudar de ares, mudado para a cidade de Mucuri-BA onde resido atualmente há três anos.
Apesar de ser um lugar pacato, simples, foi na querida cidade de Mucuri que comecei a ter a inspiração de escrever meus textos e também tive a oportunidade de fazer uma antologia. Minha saúde melhorou muito aqui, devido da presença do mar, ar puro e muito verde.
Diante desse cenário tão encantador, a praia passou a ser o lugar onde eu pudesse refugiar, desse terrível mal que tem assolado esse século, e sempre quando estou meio chué é na praia que corro para desafiar os meus limites.
Quando eu cheguei em Mucuri, um desejo eu tinha, que era de fazer uma caminhada de Mucuri até Nova Viçosa que tinha um percurso de trinta quilômetros. Eu sempre pensei, normalmente deve ser difícil eu fazer esse percurso, mas um dia que tiver totalmente melancólico, irei tentar fazer essa façanha.
Parece brincadeira, mas quando estamos deprimidos, o organismo se protege de tal forma, fazendo com que tenhamos uma maior resistência, e nesses momentos que resolvo forçar um pouco os limites do meu corpo visando unicamente eliminar esse mal terrível.
E esse dia chegou, onde eu iria poder colocar em prática a realização dessa meta. Sábado agora amanheci totalmente amuado, pra baixo, profundamente melancólico, então lembrei do meu tão desejado alvo. Saí da minha casa em Mucuri ás 10 e 35 hs e comecei minha caminhada rumo Nova Viçosa. Inicialmente a maré estava alta dificultando mas ainda a caminhada, depois de duas horas cheguei na praia Costa do Atlântico. Parei para tomar dois copos de água e agora com a maré um pouco mais baixa, comecei a correr, fui correndo, correndo até que justamente ás 14 e 35 horas cheguei na praia do Pau Fincado em Nova Viçosa.
Até que o meu fôlego estava bom, daria pra continuar correndo, mas como eu gosto de caminhar ou correr descalço, a planta do meu pé estava muito dolorida, então perguntei o dono da barraquinha se ele deixava eu fazer uma ligação para a Edilene, ele muito gente boa, me disse que não era pra ligar para Edilene e sim que eu deveria ligar para o Fantástico depois de tal proeza, imediatamente prontificou e fez a ligação e pedi a ela que fosse lá me buscar e 4 horas já estava em casa tomando meu precioso suco. E assim foi a forma que encontrei para driblar nossa camarada.
Outra coisa que gosto de fazer para fugir dessa amiga, é praticar a leitura, aqui em casa tenho uma escrivania que deve ter em torno de uns mil livros. E novamente no domingo minha camarada veio assolar-me. Como eu estava descansando a musculatura do meu corpo, tomei a decisão de ler o livro "Dom de Natal" da autora Nora Roberts, e assim para ocupar minha mente e driblar minha amiga devorei esse livro na tarde e noite do domingo.
Sendo assim, mudanças, corridas, caminhadas e leituras tem sido um dos meus refúgios contra essa amiga inseparável. Se os meus queridos leitores gostarem das minhas dicas, fiquem a vontade e mãos a obra.