"EU TE AMO"
Neste DIA DOS NAMORADOS, ocorre-me dizer que não me lembro de ter declarado “eu te amo” para nenhuma namorada. Aliás, na casa de meus pais e avós, nunca também fui alvo deste derramamento, creio que é coisa de época, de criação ou, também possivelmente, de bloqueios pessoais que vão se transmitindo. Já disse eu te amo para minha filha, é claro, e ela também. Para meu filho – e já conversamos divertidamente a respeito – se me dissesse “eu te amo”, acho que ele apanharia...rsrsrs. Graças a Deus, nunca me disse, e nem precisa. A gente sente, percebe, e o discurso não passaria de leve brisa de verão. Tenho muita dificuldade com esta pequena frase, confesso. Como retórica, acho que nunca me fez grande falta, importantes foram sempre os gestos, as atitudes, o comportamento. Já expliquei o detalhe para minha mulher, que tem outra forma de ser. O “EU TE AMO” é assustador para aqueles que vivem no meu planeta, e não são poucos. Se as circunstâncias exigirem, eu digo, mas me sentirei estranho. Fica melhor dizer “eu gosto de ti” ou tu és muito importante para mim, sinto falta de ti, tu és uma parte de mim, mas “eu te amo” é chavão de dificílimo enunciado, dá para entender? Amar, eu amo, mas dizer, eu não digo. Amará mais quem declama e se derrama no verbo?