" QUEM TEM MEDO DO BATOM VERMELHO

QUEM TEM MEDO DO BATOM VERMELHO?

Desde menina ambicionei o direito de colorir meus lábios com os tons da exuberância... Tímida, que sempre fui e continuo sendo adotei a alforria tingida de rubro em meus sorrisos...

Ligado à sensualidade o vermelho provoca, questiona e também rotula...

Na rotina trabalhista de algumas empresas, o encarnado é expressamente vedado, como se a mulher que os utilizasse estivesse a realizar condutas desairosas em seu ambiente laboral...

Tolo protocolo! Os meandros, as maneiras e a forma de olhar se consubstanciam em flagrantes indicativos da postura da mulher... Já avistei algumas moças que não dispensam o cosmético em seu cotidiano serem tão discretas como religiosas católicas e outras com os lábios descorados adotarem condutas próprias das profissionais do sexo.

Maquiagem é uniforme da mulher, não me esqueço deste aconselhamento recebido em minha juventude... Jamais deixei de usar tal artifício, salvo no início de meu luto, não por achar que estaria desrespeitando a memória de minha mãe, mas por absoluta falta de vontade de me arrumar.

Alguns homens ainda se sentem incomodados quando suas mulheres pintam suas bocas de vermelho, e inseguros pedem que elas substituam por cores mais claras, desrespeitando a soberania da vontade destas...

Existem, entretanto alguns figurinos que em razão de suas cores suaves, são impeditivos naturais do uso do batom vermelho... Aí sim, a permuta por matizes mais suaves é imperativa...

Em nenhum momento a mulher que faz uso do batom vermelho está pensando em se entregar para o primeiro homem que lhe aparece diante de seus olhos... Apenas, por uma questão de vaidade, quer se sentir bela, atraente, e desejável...

Mas, mesmo assim muitas mulheres temem em aplicar o batom vermelho... Receiam ser consideradas vulgares, atiradas, por demais provocativas, embora intimamente desejem carregar o perfume da sensualidade em seus rostos...

Ou então, obedecem a um acordo tácito firmado entre elas e seus companheiros... Eles, podem sair às ruas com camisas semiabertas, pondo a nu seus torsos, atentando a libido de multidões...

Mas, elas... Continuam a ser viciadas na droga da obediência, que a tudo devasta, sem contudo deixar vestígios de sua hecatombe inicial...

Minha profissão é tradicional, e nem por isso aboli o vermelho de meu dia a dia, combinando-o com sombras, delineador máscara de cílios, e esmalte da mesma cor...

Jamais fui questionada em minha competência como advogada e nunca sofri assédio sexual, embora desde minha juventude tenha trabalhado com homens.

Minha cabeça é meu guia, e meus valores profissionais e morais não podem ser minorados por escolhas comezinhas e corriqueiras do correr dos dias...

Enfim, não tenho medo do batom vermelho... Ele em suas diferentes nuances , sempre foi meu grande aliado... Não temo esteriótipos... Tinjo meus cabelos de loiro, sou extremamente feminina, trabalho e estudo com afinco...

Não sou Malu, mas lutei por meu direito de ser mulher!

Ivone Maria Rocha Garcia
Enviado por Ivone Maria Rocha Garcia em 19/05/2017
Reeditado em 19/05/2017
Código do texto: T6003000
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