IDADE DE MORRER
Não vamos, aqui, levar em conta os passamentos precoces, doenças graves, súbitas ou acidentes, a que todos estão sujeitos. Vamos pensar no rumo ordinário das coisas, no histórico de família, por exemplo. No geral, em nosso meio, o que se observa é muita gente ultrapassando com folga os 80 anos e, inclusive, os 90. Cada um sabe o que mais lhe convém, por isto há os que cuidam bastante da saúde para viver longamente e bem. É uma tendência destes novos tempos. A vida é muito boa e a morte sempre foi o grande temor e a angústia do homem. Fico impressionado com pessoas como LUÍS XIV da França, o Rei Sol, monarca por 72 anos, e que, nascido em 1638, viveu por 77 anos. Assisti recentemente ao filme sobre sua morte. Na minha cabeça, quem morre antes dos oitenta anos, desfrutando de razoável saúde e com disposição, falece muito cedo. É morte prematura. Na minha família, por exemplo, há uma penca de longevos: minha tia Débora, faz cem anos agora, tio Fábio – publicando diariamente belos poemas que digita no Facebook - caminha para os 93, tia Beatriz, 89, todos irmãos de meu pai. Minha avó materna Aldina faleceu aos 96 anos, minha mãe, que era cardíaca, aos 87. Meu pai, surpreendido por um câncer cerebral, morreu aos 80, partiu muito cedo, portanto. De minha parte, não tenho nenhum interesse em prever o amanhã e os números não me empolgam: se não houver saúde, disposição e um mínimo de protagonismo, “longa vida” vale só pra caixinha de leite.