O QUE SIGNIFICA BEM VIVER?

A vida é feita de fases, dependendo sempre da faixa etária e da intensidade das vivências pessoais. Houve um tempo em que desejava abraçar o mundo, hoje seria melhor que o mundo me abraçasse. Ademais, conta o jeito de ser de cada um. Repito, o jeito de ser aos vinte, trinta anos, jamais será o jeito de ser aos sessenta, setenta, oitenta ou mais. Hoje, acho interessante a vida na caverna. Há os que não podem parar quietos, têm o bicho carpinteiro no corpo, precisam constantemente inventar coisas, sair de casa, viajar não importa pra onde e em qualquer oportunidade. Existem também os que não sabem se vão ou se ficam, e sofrem. Fico contente no meu canto - ou no meu mundo -, levando a vida que imaginei quando parei de trabalhar: viagens eventuais - desejadas e adequadas - Gramado, praia no verão, muitos filmes e seriados, internet, jornais, livros, vinho tinto, comida boa e variada, filhos, netos, mulher, família, amigos, cachorrinhos, pequenas compras em “vendinhas” ou na feira perto de casa, passeios diários com os cachorrinhos, e, não com muita frequência, restaurantes ou bares. Não queiram me empurrar uma viagem para a Austrália - para onde, há coisa de 5 anos, foi meu enteado experimentar a vida, com todo meu apoio. Tudo a seu tempo. Meu prazer é curtir família e desfrutar da companhia dos poucos amigos, nada de grandes façanhas ou aventuras rocambolescas. Isto não significa inação ou conformismo. E, também, nenhuma crítica ao modo de ser diferenciado. Não me forcem a uma inscrição em academia de ginástica. Até cogitei de aulas de dança, coisa que me agradaria, teoricamente, mas não desejo compromisso. Tá bem, talvez caminhe um pouco mais, mas não pretendo diminuir o cigarro ou a bebida, nem a carne, os ovos fritos, o pão d'água com manteiga sem sal e o leite gordo gelado. Por enquanto, me sinto normal, relativamente disposto. O que é meu está guardado, eu sei bem, mas segue o baile. Nesta encarnação, acho que fiz o que gostava e necessitava, na hora certa, meu tempo agora tem uma percentagem mais expressiva de contemplação e intimismo; eventualmente, uma extravagância, porque ninguém é de ferro. Claro que falhei e erro muito. Longe de mim criticar quem vive ou pensa diferente. Há muito espaço para que se tente o caminho da paz individual e do bem-estar a que todos aspiram. Esperança de um Brasil melhor e o espanto com a geração que um dia prometeu - A MINHA - mas que, em boa parte, perdeu-se pela linha de fundo. Lamento muito, mas existe quem pense diversamente. Frustrações e fantasias ficam sob controle, fazer o quê? Não carrego a mais remota amargura. Os "soit-disants" façanhudos e novidadeiros que me contestem, porque "la nave va".