O pão nosso do século XXI
O pão nosso do século XXI
Por Valeria Gurgel
Sempre ouvi dizer que o pão era nosso!
Será?
Nos dias atuais já não temos convicção de mais nada! De tal forma que até as nossas mais antigas certezas se tornaram,incertas!
Já não se sabe o que se deve ou se pode comer nesse país! E isso se é que estamos em condições de comprar! Um distúrbio gastrocerebral onde já não entendemos aondeinicia o real problema do corpo humano e onde termina a cura do capitalismo selvagem! Se na cabeça ou no estomago!
Bem.... Se voltarmos a um passado não muito distante, assistimos a emigração do homem do campo para a cidade grande em busca de novos horizontes, trabalho e perspectivas de futuro. O velho campesino tinha a doce ilusão de desbravar as selvas de pedras por melhores condições de vida!Mas em pouco tempo depois de entregar o seu paraíso perdido e sua maior riqueza que era o dom de tocar a terra e dela extrair o puro e sagrado sustento de sua família,esse homem teve que ser industrializado.
Primeiro trituraram e torraram os seus neurônios em fornos de altas temperaturas. Depois os congelaram e transportaram em câmaras frigorificas de exploração ambulantes.
Passou assim a comer enlatados, vestir se plastificado,viver em quadrados, sorrir com lágrimas de crocodilos , rebolar na chuva, comer ovos de refrigerador e frutas em pó.Trabalhar em trapézios de ruas e esquentar a chapa no asfalto. Seu café ficou gaseificado e servido em garrafas plásticas e o sagrado sal da terra, o pãozinho que se diz francês virou coisa de burguês! Farinha de vento. O relógio do tempo virou seu próprio tormento e oseu andar um terrível atropelamento. E ainda diziam que os robôs eram personagens da ficção cientifica!
Passaram-se os anos e os bebês já não vinham mais da cegonha e sim da proveta, coisa que era bem suspeita de falar e acreditar.
E uma nova origem se formou! Num mundo sem forma, sem lógica e sem credibilidade. De forma que sem teste de DNA já nem se pode prever quem é o pai?
Às vezes parece que nada mais falta para acontecer! A carne que comemos é nosso próprio veneno! Os antibióticos são a própria carne processada de um ser vivo inocente pressionado a viver e crescer em tempo recorde para morrer e nos sustentar! Lamentável sustento!! Os agrotóxicos viraram as verduras mais viçosas e caras em bandejas embaladas! As coisas andam invertidas! A água potável é aquela que o boi não bebe!E o leite de seu filho, um possível pó branco não identificado, extraído das tetas de algum corrupto empresário. Nossos medicamentos meros tormentos entre placebos X genéricos, só Deus sabe quem vencerá essa partida? Se as nossas reais doenças não forem alucinações de nosso subconsciente pode ser coisa de mosquito! O resto é conversa fiada. Pensando bem...
O pão nosso do novo século cresceu, mudou de forma,de lógica, de preço, de valor, de reconhecimento,de tamanho, de sabor, de peso, de cor!
O melhor a se fazer, é buscar o cupinzeiro, fazer um buraco no meio e bem dentro desse formigueiro, voltar a assar o pãozinho derradeiro bem no fundo de nosso terreiro!