VIAGEM À COLÔMBIA IV

Ao término de nossa visita à Catedral de Sal, saímos de Zipaquirá à procura de um restaurante para almoçar. Não encontrado na cidade algo que nos agradasse, percorremos alguns quilômetros até chegarmos, de volta, à Bogotá. Aí, fomos almoçar no Restaurante La Herencia, nosso conhecido de outra oportunidade.

Depois do almoço, todo o grupo – éramos nove – acomodou-se em três táxis e fomos ao centro da cidade, a fim de conhecer a Zona Rosa, espaço que abriga shoppings e lojas de múltiplas ofertas destinadas a satisfazer o desejo das “meninas”, ansiosas para gastar os dólares cambiados em casa especializada.

Trocamos a moeda americana por peso colombiano, tomamos sorvete, visitamos lojas... Alguns companheiros efetuaram compras, com destaque para as mulheres que, além de endinheiradas, estavam ávidas para gastar. Em qualquer coisa. Não importava o quê. Alguns do grupo aproveitaram o ensejo e compraram ingressos para os eventos culturais a serem realizados em Cartagena, nos próximos dias.

Até a hora de retornarmos ao hotel, abusamos do tempo, prolongando nosso encontro com o sono reparador do desgaste físico, motivado por cansativas jornadas. Era o final do dia 4 de janeiro de 2017.

Na manhã de 5 de janeiro, fomos conhecer Monserrate, elevação montanhosa situada a 3.200 metros acima do nível do mar. Logo cedo, alugamos uma van e nos dirigimos ao santuário que recebe milhões de peregrinos anualmente, do país e do exterior. O acesso é feito por um teleférico e um funicular que transportam dezenas de pessoas por vez.

Em 1630, Dom Pedro Solís de Valenzuela solicitou permissão ao arcebispo de Santafé, hoje Bogotá, para construir uma igreja no alto da montanha, sob o argumento de que, assim, aumentaria a veneração dos fiéis à Virgem Maria.

Em 1649, foi construída a igreja e um monastério. Ao término da construção, a igreja foi batizada como o nome de Nossa Senhora da Cruz de Monserrate. A imagem da santa padroeira é cópia da existente no mosteiro de Montserrat, na Espanha, e foi doada e trazida da Catalunha.

Em 1656, o padre Bernardino de Rojas, administrador da igreja, mandou esculpir, em granito, imagens de Cristo Crucificado e do Senhor Caído, incumbência atribuída ao escultor da então Santafé, Pedro de Lugo Albarrancín.

Outras esculturas somaram-se às inicialmente esculpidas pelo artista Pedro de Lugo Albarrancín. São obras representativas da Paixão de Cristo, esculpidas em granito, exibidas nas quatorze estações da Via Sacra, existentes ao longo da íngreme caminhada até o santuário.

Passados os anos, o lugar por nós visitado passou à denominação de Santuário do Senhor de Monserrate.

Antigamente, os fiéis chegavam ao cume do monte palmilhando tortuosos caminhos abertos nas íngremes escarpas. Hoje, os 3.172 metros de altitude são superados a bordo do funicular, veículo inaugurado em 1929, e, também, de um teleférico. No percurso, contempla-se a exuberância da natureza em todo seu esplendor.

Não concedemos trégua às máquinas fotografias e aos nossos celulares, alguns esgotados em sua capacidade armazenatória. Por todo o percurso, a partir do local de onde fomos apeados do funicular, registramos as mais belas vistas naturais, emolduradas pela Cordilheira dos Andes. Foram momentos de intenso enlevo para nossos encantados olhos.

As estações da Via Sacra também não escaparam ao nosso ímpeto fotográfico, assim como as exuberantes vistas da cidade, contempladas do cimo de Monserrate. Também fotografamos, à distância, a igreja de Guadalupe, situada em um platô da cordilheira.

Estivemos no interior do santuário de Monserrate, um templo católico espaçoso e bem cuidado. Ali, ainda estava exposto o lindo presépio automatizado, preparado para as festividades natalinas de 2016.

Peço vênia aos estimados leitores para reproduzir esta bela oração, comumente feita pelos peregrinos do concorrido santuário:

"Senhor de Monserrate, Te prestamos a homenagem de nossa fé, nossa esperança e nosso amor. Cremos em ti, filho de Deus e salvador nosso. Confiamos em Tua bondade. Senhor de Monserrate, Te damos graças por que nos amas, nos guias com Tua palavra e nos brindas com o Teu perdão. Senhor de Monserrate, Te consagramos nossas famílias; conserva-as em harmonia, ilumina-as com Tua presença, santifica com Teu amor nossas preocupações, recebe com Tua bondade nossas doenças e enfermidades, remedia com Tua misericórdia nosso trabalho, fecunda-o com Tua bênção. Senhor de Monserrate, suplicamos-Te a firmeza da nossa fé, a fidelidade de Tua igreja, o dom da paz e a vida eterna. Amém."

Concluída a visita, aguardamos por alguns instantes para retornar à parte baixa da cidade. Viemos a bordo do mesmo funicular que nos transportou anteriormente e de cuja cabina avistamos mais uma porção do belo que se descortinava ao longo da paulatina descida.

Na parte da tarde, estivemos na Praça de Bolívar, onde se encontra edificada a primeira igreja da capital. Em 1539, Gonzalo Jiménez de Quesada, fundador da cidade, mandou edificá-la. Por muitos anos, a construção sofreu interrupções decorrentes de restaurações e demolições, até que, em 1807, foi inaugurada com o nome de Catedral Primaz da Colômbia. O templo é muito bonito, alto e composto de três naves. A arquitetura foi concebida em estilo jônico, ou seja, assemelha-se às obras arquitetônicas clássicas.

Na Praça de Bolívar, também contemplamos os edifícios do Congresso Nacional, denominado Capitólio Nacional, e os palácios do Governo e da Justiça. O capitólio é construído em estilo grego e data de 1847.

A multidão espalha-se por extensa área, povoada de pombos, alimentados graças à generosidade dos transeuntes, principalmente turistas que espalham milho pelo chão a fim de saciar a fome dos columbídeos.

Saímos da Praça de Bolívar com a hora bastante adiantada, o suficiente, porém, para conhecer o Museu Botero e parte das instalações do Museu da Casa da Moeda. O Museu Botero é interessante. Seu rico e diversificado acervo compõe-se de duzentas obras de autoria do artista colombiano Fernando Botero, sendo oitenta e cinco produzidas em seus ateliês de Paris, Nova Iorque e Montecarlo. As demais peças foram pintadas ou esculpidas na própria Colômbia.

Fernando Botero doou grande parte de suas obras ao Estado. O museu onde estivemos naquela tarde as exibe para deleite artístico e cultural de um sem-número de visitantes.

As obras de Botero encantam por sua originalidade. São focadas em pessoas obesas, expondo formas roliças, em variados ambientes e situações. Ali, contemplamos telas de Adão e Eva, pintadas em 1968; da Virgem Maria com Jesus no colo, de 1965; Cena Familiar, produzida em 1969; Banhista na Praia, de 2001; e muito, muito mais... Todos os personagens são gordinhos. As do gênero feminino revelam o encanto e a sexualidade do belo sexo.

Disse Botero, certa vez:

"Quando se observa um quadro, é importante reconhecer de onde procede o prazer. Para mim é a alegria de viver unida à sensualidade das formas. Por isto, meu problema é expressar sensualidade por meio de formas".

Tenho limitado os capítulos desta narrativa a quatro páginas, a fim de torná-los mais atrativos à leitura. Se extensos, poderiam acarretar sono ao leitor que, por sua generosidade, dedica preciosos minutos de seu tempo para honrar-me com sua atenção. Continuarei grato pela deferência que me concedem. Satisfeito pela acolhida, animo-me a oferecer-lhe, em certos intervalos, novos capítulos desta Viagem à Colômbia. E, ainda, falarei a respeito do Panamá. Hasta luego!