NÃO ME LEVE A MAL, HOJE É CARNAVAL

Meu melhor plano é passar as festas momescas em nosso apartamento em Gramado, com os cachorrinhos. Já pulei muito Carnaval na vida, em Garopaba, Bombas, Bombinhas, Rosa, Laguna, sem contar as aventuras dos tempos da juventude, nos clubes da Capital e do litoral. Certa feita, não lembro em que ano, encarei oito dias em Punta del Este, só nas danceterias, mas, na terça-feira, rolava um entrudo que abalava o trânsito do balneário. Nunca tive vontade de desfilar na Sapucaí, muito menos de assistir. Houve uma ano, 2003, acredito, que eu e Andrea acabamos assistindo a uma “espécie” de carnaval em espaço privilegiado na Rua Coberta, em Gramado, com amigos, mas foi casual. O interessante é que conheci minha primeira mulher em carnaval de clubes, aqui na cidade. Não estava a fim de ir, mas minha MÃE, vejam só, me botou pilha, costurou-me um capuz a título de disfarce e acabei na gandaia. Eu devia ter uns 22 anos. De capuz era mais fácil de conquistar. Há uns vinte anos, fui com os filhos passar oito dias em Salvador, Bahia. Alugamos um carro, que minha filha Paula dirigia, e aproveitamos várias praias e todas as delícias da Capital e cercanias, especialmente Praia do Forte e Ilha dos Frades. Mas nosso retorno a Porto Alegre estava marcado estrategicamente para alguns dias antes do Carnaval. Por aqui, os filhos foram para a praia e eu me dediquei à recuperação espiritual no meu antigo apartamento da Fernando Machado, hoje alugado. Era separado e morava sozinho numa região muito bem servida de Porto Alegre. Ar-condicionado a mil, muitos filmes para assistir e livros para ler, a internet plenamente disponível, contava sempre com a cômoda entrega de boa comida a domicílio, abastecido de todas as bebidas necessárias ao desfrute. Assisti, pela tevê, aos melhores momentos momescos baianos, com todo aquele povo desvairado, e, honestamente, só pensava assim: “que bom que não estou lá”. Pouca gente no prédio, toda Porto Alegre ao alcance da mão e o aconchego da casinha. Curti demais minha não participação. Legal mesmo era o tempo da lança-perfume, confete e serpentina, dos blocos, especialmente das belas marchinhas, mas, como tudo na vida, acabou. Lamento não ter sido torcedor de uma determinada Escola de Samba, seria divertido. Hoje, confesso, prefiro até música de realejo ou um tango argentino bem marcado. Não diria que é coisa de velho, mas de quem não acompanha, e não quer acompanhar, o atual rumo das coisas. Enfim, cada um no seu quadrado. Escrevi tudo isto em 2018, não mudo uma vírgula, inclusive pelo fato de que amanhã de manhã partiremos para o apartamento arejado de Gramado, perto de tudo, desfrutando a pé todos os sabores de um panorama diferente e agradável, onde já peguei friozinho à noite, de acender lareira e tudo.