LIÇÕES DE SABEDORIA

Há certas lições que a gente não esquece, ao contrário, precisam ser lembradas com frequência. Nada de sensacional ou de alta filosofia, mas diretrizes importantes para levar a vida com mais tranquilidade e equilíbrio. Vou dar pequenos exemplos. Meu Chefe, na Assessoria jurídica do Banco Crefisul de Investimento, era o Desembargador aposentado e já falecido Isaac Melzer. Quando estava contrariado com alguma pessoa e a gente procurava defende-la, com o tradicional “é o estilo dele”, Melzer sentenciava: “o estilo é o homem”. É o princípio da escola simbolista que proclama ser “a forma, o conteúdo aparecendo”. Octávio Badui Germano, finado político de grande destaque no Estado, costumava contar uma história, quando estava sendo incomodado ou atacado por alguém. Um sujeito passava todos os dias por certa pessoa, que lhe jogava pedras. Cansado das agressões, foi falar com a criatura: “Por que me atacas, nunca te fiz nenhum favor?!” Também foi de Octávio Germano o ensinamento de que não se deve aceitar cargo numa instituição mais importante para ser o segundo, sendo mais inteligente permanecer em organização de nível inferior no posto principal. Octávio, certa feita, pediu-me para ajudar a articular uma determinada homenagem estratégica. Ingenuamente, comentei que, no caso dele, tal evento brotaria espontaneamente, pela força natural do justo. Respondeu-me: “Conceição, na política, nada é absolutamente espontâneo”. E estava coberto de razão. De minha parte, se é que posso realmente legar alguma coisa, tenho algumas máximas ou dicas filosóficas e comportamentais. No mercado de capitais, por exemplo, aprendi que a bolsa desce de elevador e sobe pela escada. Se você está num dilema, “deixa fluir”, não precipita nada, administra a ansiedade e aposta no passar do tempo. Outro ensinamento, que absorvi da vida e de alguma leitura, que ora não recordo para citar: “é melhor ser rico entre os pobres do que ser pobre entre os ricos”. Quer dizer, vive com mais independência e prazer no teu meio para não ser rebanho ou algum tipo de “clown” entre os abonados. Eles só se importam mesmo é com quem está no palco ou com quem maneja os cordéis. Também acredito em certos adágios, tipo “quem convida, paga”. Não façam eventos na casa de vocês para, depois, “dividir a conta”. Outra coisa, fiquem alertas, no trabalho e na vida: o mais limitado frequentemente é o mais perigoso. Tenho um pé atrás com gente de poucas luzes. Finalmente, a melhor mulher, a mais sensacional, é aquela que realmente gosta de ti. Quanto ao mais, são cinquenta tons de cinza.