SAPATOS

Há algum tempo, estava apreciando uma foto de dezenas de sapatos femininos de alguém, aqui no Face, com os respectivos comentários: as mulheres geralmente afirmando que tinham tudo aquilo e bem mais. O interessante é que, aposentado, uso um chinelo de dedo de couro, às vezes – raramente – uma havaiana; tenho dois pares de tênis - um deles com quase doze anos e conservadíssimo, tenho uma sandália franciscana de guerra, dois “sapatenis” de pouco uso, umas duas botinas de couro e um chinelo de lã natural para o inverno, de fabricação artesanal, comprados em Gramado, dois ou três sapatos sociais e um calçado para eventos mais expressivos, tipo casamento ou posse de Governador e Presidente da República. No total, digamos, 14 calçados para as mais diferentes situações, mais o par caseiro de chinelos que me aguarda saudosamente em Gramado. Minha mulher, por exemplo, tem bem mais de cem pares de calçados. No tempo das “leva-tudo” ou "capangas", que os homens usavam, eu tinha duas, uma marrom e uma preta - marca nem pensar. Quantas bolsas tem uma mulher? Bom, são as sutilezas estéticas e de capricho pessoal que, afinal, costumam diferenciar as nativas de Vênus. Homens gostam de automóveis, relógios, canetas, eletrônicos, ternos, gravatas, camisas, chapéus e armas - eu só tenho um revólver Rossi 32 e dois canivetes de mola. Não tenho objetos de fascinação. Mas, não fosse proibido, compraria, talvez, revólveres e espingardas, porque me dão certo prazer. Isto não significa que tenha qualquer instinto belicoso. O que posso fazer, sou do tempo do faroeste. Meu velho pai nunca atirou em ninguém, mas sempre portava um 38 na cintura em viagens de carro. Mulheres também têm muitos vestidos e blusinhas, bijuterias, eventualmente joias valiosas e cremes até para rejuvenescer vinte anos. Nestes tempos, passaram a adorar também celulares sofisticados. Sou de um século em que elas tinham várias perucas. Acho tudo uma gracinha a enfeitar sobretudo mãos e pezinhos delicados e sensuais, ainda que aja excesso e desperdício nesta área. Elas gastam - não vamos nos enganar - mas, quando dá certo, é um arraso. Melhor assim do que assado. Há barbados que gastam mais com vaidades e inutilidades, eventualmente "sem muita farinha no saco". Tudo bem, o sol nasce para todos, mas, quem sabe, um bom livro de vez em quando?

Mas, enfim, sou claramente a favor do enfeite, especialmente para quem merece. Uma das coisas lamentáveis da pandemia é o uso de máscara: eu até fico melhor mascarado, mas geralmente as mulheres perdem algum esplendor. Agora, convenhamos, Imelda Marcos, das Filipinas, com seus mais de três mil calçados de luxo, além de um acinte, era puro desperdício.