“QUER QUE EU FAÇA UM CAFÉ OU FAÇA MINHA VIDA SE ENCAIXAR NA SUA?...”

“QUER QUE EU FAÇA UM CAFÉ OU FAÇA MINHA VIDA SE ENCAIXAR NA SUA?...”

*Rangel Alves da Costa

Muito se ouve e muito se canta: “Quer que eu faça um café ou faça minha vida se encaixar na sua aqui mesmo na rua? Era pra ser agora, quando é pra acontecer tem dia, lugar e tem hora...”.

Esta foi a terceira música cantada por Unha Pintada, já perto da uma da manhã desta segunda-feira, na Praça de Eventos de Poço Redondo. Em meio à praça lotada, sozinho na multidão, apenas ouvi. Contudo, mesmo ali, em local tão inapropriado à reflexão, fui além da letra para avistar o destino em toda a canção.

Sim, para avistar o destino em toda a canção por que a letra da música cuida exatamente de mostrar como imperceptíveis acontecimentos unem pessoas numa trama chamada amor. Mas também nas demais situações de vida. Tudo partindo da conjunção gramatical “se”.

Se... Se os pequenos acontecimentos não existissem muito do que se tem agora jamais poderia frutificar. Um olhar, um encontro, um gesto, um sorriso... Tudo como um mote do destino para que daí os laços soltos se enlacem, entrelacem e permaneçam.

Se... Se a pessoa deixasse de ir por um caminho e fosse por outro, e na outra ponta da estrada a estranha força não colocasse outra pessoa na mesma direção, então não haveria encontro, não haveria olhares se cruzando. Mas o destino força os passos na direção que desejar.

Se... Se - talvez achando uma mera causalidade – a pessoa de repente não se maravilha com o repentinamente acontecido e diz a si mesma que jamais esperaria que aquilo pudesse acontecer, abraçando estará com força e fé as dádivas esperançosas do destino.

Se... Se o destino permitiu que assim acontecesse, então “Quer que eu faça um café ou faça minha vida se encaixar na sua aqui mesmo na rua? Era pra ser agora, quando é pra acontecer tem dia, lugar e tem hora...”.

Se... Se eu não tivesse ido àquela festa, se eu não tivesse insistido em tanto olhar quem estava ao longe, se eu não me aproximasse um pouco mais, se eu não tivesse encontrado encorajamento para cumprimentar. Mas nada assim aconteceu sem já estar previamente determinado pelo destino para que efetivamente acontecesse.

Se... Se uma pequena pedra do caminho não tivesse machucado o pé o outro não teria acorrido em socorro. Caminho do destino, pedra do destino, preocupação do destino. E assim por que após a aproximação um encantamento surgido como se de uma força misteriosa. Qual força?

Se... Se tudo fosse diferente do que foi, se tudo tivesse acontecido de outro modo, se nunca tivesse sido possível aquele encontro. A vida é cheio de possibilidades, de modos de fazer e de viver. Mas alguns são escolhidos para acontecer antes mesmo que a pessoa compreenda o que é amor, o que é querer, o que é paixão. Tudo já escrito na linha da vida.

Por isso, pergunto: “Quer que eu faça um café ou faça minha vida se encaixar na sua aqui mesmo na rua? Era pra ser agora, quando é pra acontecer tem dia, lugar e tem hora...”.

“Quer que eu faça um café ou faça minha vida se encaixar na sua aqui mesmo na rua?...”.

Escritor

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