logo cedo...
É sábado e o dia surgiu ensolarado bairro afora. As nove horas da manhã, o menino que quer comprar a minha bikelete ,chamou lá da rua. A princípio, ao ouvir sua voz, me pareceu um sonho, mas logo despertei, Levantei da cama atordoado do sono e fui atende-lo. Na ida até o portão passei pelo canteiro onde plantei coentro a duas semanas atrás. Por ter chovido na madrugada, todas as plantas que existem no meu quintal emanam um ar de satisfação. Fora o coentro, os tomateiros, o almeirão, as espadas de São Jorge e mais algumas outras plantinhas dentro de alguns vasos, todos pareceram estar muito contentes. Eu, mesmo que ainda um pouco sonolento e desorientado, também me senti contente. Isso até o menino pedir, olhando no fundo dos meus olhos com aquela cara feia dele, que o deixasse experimentar uma volta na bikelete. Não pude negar, mas logo bateu aflição de que algo de ruim pudesse acontecer. A Madilene, aproveitando a oportunidade, tratou logo de sair sem que eu percebesse. Quando dei por mim, lá ia Madilene e o menino rua a cima, na direção de onde fica a casa de meu pai.
No começo a preocupação tomou conta dos meus pensamentos, aquela agonia, eu não sabia exatamente o que fazer. Não deveria ter lhe entregue a bikelete? Ele mal sabia liga-la...
Virei as costas por um minuto e ambos já haviam sumido do meu campo de vista. E agora? Entrei, troquei a bermuda que usava por outra, peguei a carteira e pus no bolso e decidi ir atrás dos dois. Não encontrei nem um nem outro. A ansiedade aumentou. Subi a rua e olhei na esquina: ninguém. Desci a rua e olhei lá por baixo: nada. Voltei pra casa, fiz um copo de café com leite, passei manteiga em um pão, comi, subi na laje do vizinho para dar mais uma procurada no paradeiro dos dois e ... A cachorra, o menino e a Bikelete estavam de volta, sã e salvos. Leguei o rádio na CBN e comecei a escrever isso aqui.
Porque me preocupar tanto com coisas que, estando calmo ou não, fogem do meu controle?