PROTAGONISMO

A questão do passar do tempo, no geral, limita o campo de ação e de influência efetiva dos “menos jovens”. As exceções justificam a regra. Aliás, mesmo as figuras vetustas que ocupam ainda importantes funções, não contam com todo o brilho que ainda acreditam ter e são mais facilmente descartáveis na velocidade com que os fatos se sucedem. Portanto, o protagonismo da geração dos 70, 80 ou 90 anos é cada vez mais débil, salvo como marco histórico. Via de regra, é claro, pois há casos e casos. Mas, francamente, se o meu protagonismo aos 30, 40 ou 50 anos era de cinco metros, digamos, hoje, em momentos cruciais, creio que não atinge três metros. Se tanto. Muitos não se dão conta, outros se iludem e elaboram projetos matusalênicos; alguns, bem poucos, ainda sustentam o galope num meio mais amplo, dinâmico e exigente. Nas a vida é assim: os filhos, os netos ultrapassam os Maiores e empunham suas bandeiras. Ou não. O peso da idade não é necessariamente físico, decorre, sim, da evolução histórica, dos novos apelos do presente e do futuro. Os cálculos atuariais que me desculpem, mas não dá pra pegar muito pesado na questão da idade mínima para a aposentadoria, pois no mundo ligeiro da modernidade é preciso renovar. É um aspecto relevante. Por outro lado, é preciso parar com esta história de levar o homem a viver cem anos ou mais. Conheço casos notáveis, é verdade, mas eu, pessoalmente, só gostaria de chegar aos cem anos com um corpinho de cinquenta. Não acredito em protagonismo centenário.