Tempos que não voltam mais
Sei que não podemos reclamar dos benefícios que a modernidade tem nos proporcionado, mas como tudo nessa vida, ela também proporciona o lado positivo, que com certeza é muito vasto, mas também proporciona algo de negativo que veremos nessa viagem que convido vocês a fazerem no túnel do tempo.
O mundo antigamente era regionalizado, devido ao pouco alcance que a comunicação tinha, o nosso conceito de mundo se resumia praticamente à nossa cidade e quiça conhecêssemos o nosso estado.
Quem ainda lembra do telégrafo que era uma mensagem bem abreviada através de pouquíssimas palavras devido ao alto custo do mesmo. Quando tínhamos a notícia da chegada de um telégrafo, só pensávamos em coisas emergenciais, ficávamos a vagar nossas mentes em alguma notícia trágica.
E o que dizer do telefonema que para ser realizado teríamos que ir até um posto telefônico, e depois de várias tentativas conseguíamos finalmente falar com a pessoa desejada. Até que com o passar do tempo a comunicação foi melhorando e agora quem tinha poder aquisitivo poderia comprar seu telefone. Antigamente ter um telefone em sua casa era sinal de riqueza, sinal que as pessoas eram bem sucedidas, pois para a aquisição de um era necessário altas somas de dinheiro.
Quem ainda lembra das radiolas, das televisões que quando surgiram eram verdadeiros caixotes que tinham aproximadamente um metro quadrado e com aquelas bobinas no tubo de imagem fantasmagóricas. Também eram poucos os aparelhos que tinham naquela época e também custava uma grana altíssima. Quando era hora da novela geralmente as pessoas se juntavam a um vizinho mais sociável que abria sua casa para que as pessoas se juntassem a ele para acompanhar as novelas. E a casa do vizinho virava um verdadeiro cinema com as pessoas espalhadas pelo chão.
Era um tempo onde não tínhamos muito acesso à comunicação e tecnologia, mas compensávamos através dos relacionamentos com as pessoas. Lembro que antigamente a noite ia aproximando e as pessoas colocavam suas cadeiras nas calçadas e os adultos ficavam batendo papo até tardão da noite e suas crianças aproveitavam enquanto eles estavam papeando e iam brincar. Quem ainda lembra de brincadeiras como pique salve, derruba latas, queimada, as brincadeiras de rodas e cirandas, passar o anel, pular corda, amarelinha, escravos de Jó, jogar pião. Naquela época não tínhamos acesso aos brinquedos, então as brincadeiras tintam de ser improvisadas. Lembro que eu pegava chinelo velho, madeira e lata de óleo e ia confeccionar a minha carreta. Tempos bons que não voltam mais, como não tínhamos brinquedos, éramos mais criativos e criávamos os nossos próprios brinquedos, dávamos vazão a nossa imaginação.
A impressão que tenho que o mundo antigamente era mais redondo, as pessoas eram mais sociáveis e sempre estavam em contato com as outras. Outra coisa que sinto saudades são dos cinemas, como era gostoso arrumarmos para irmos ao cinema assistirmos filmes. Hoje em dia só temos o privilégio de desfrutarmos de um cinema se morarmos nos grandes centros onde tem shopping.
O mundo hoje deixou de ser regionalizado como antigamente, passando a ser um mundo mais globalizado. É muito bom podermos desfrutar dos benefícios da tecnologia como computadores, internet, celulares, tv a cabo, entre outros. Mas como eu disse anteriormente tudo tem o lado positivo e o negativo. Com o avanço principalmente da informática, as pessoas passaram a se relacionar menos, hoje as pessoas são mais individualistas, o mundo tornou-se quadrado com as pessoas vivendo praticamente enclausuradas dentro de quatro paredes. Com o individualismo das pessoas, elas tornaram menos suscetíveis as emoções, tornando pessoas mais frias, insensíveis.
É muito bom saber que com o advento da internet a comunicação ganhou proporções altíssimas. Hoje não temos nenhuma dificuldade em contactar alguém que esteja do outro lado do mundo, a comunicação com certeza será rápida e precisa. Mas toda essa tecnologia tem mudado consideravelmente o nosso perfil. As nossas relações estão sendo menos realistas e mais virtuais. Devemos urgentemente procurar um ponto de equilíbrio nessas relações.
Com isso quero dizer que sinto falta daqueles tempos de outrora, que com certeza não voltam mais, tínhamos menos recursos, mas em compensação éramos pessoas mais sociáveis, mais amáveis, mais humanas. Que possamos pensar em todas essas coisas que foram faladas e quem sabe buscarmos um meio termo, onde possamos desfrutar dos prazeres e benefícios que a modernidade nos oferecem, mas ao mesmo tempo não esquecermos das nossas origens, e entendermos que Deus quando nos criou, nos criou para sermos sociáveis, para relacionarmos umas com as outras.