O OPALA DE LUIZ MESTRE

Eu não gosto de alimentar saudades, mas ai de um povo que não tem memória!

Passei metade do meu tempo vivido em Itabaiana e, assim por dizer, os melhores anos, que são os verdes, como afirma José Lins do Rego.

Amava quando via passar pelas ruas o velho calhambeque de um vendedor de ouro. João do Ouro, salvo engano. E, às vezes, quando o carrinho estava estacionado, na frente da loja, eu parava para inspecionar o seu interior.

Dois outros carros que me chamavam a atenção eram os Ford de Ferreira, meu pai, e de Neco Friso, o pai de Jair Pereira de Melo. Não tenho certeza qual o ano daquelas maravilhas, mas garanto-lhes que pareciam com os modelos 41.

Quando João Bernardes, proprietário da Farmácia São João, comprou um Fusca vermelho, também foi um evento que encheu os olhos das crianças. Era tão inusitado ver aquela coisinha alegre varando as artérias. Tínhamos o olhar afeito às cores sóbrias dos táxis.

Agora, a sensação verdadeira da meninada era quando Luiz Mestre estacionava o seu Opala zero quilômetro na frente da Padaria Pacheco. Eu, menino de 12 anos, balconista da Drogaria Leite, ficava boquiaberto com aquela máquina! E os velhos também! Itabaiana era uma cidade com poucos carros. Para se ter uma ideia, os táxis eram Jeep (não pensem que era o Renagade, não!) e Rural.

Fiquei tão fascinado pelo Opala que quando cresci comprei um. Feito menino, adorava acelerar e ver a frente do bicho subir! Depois, feito besta, me candidatei a vereador em Itatuba e tive de trocar o Opala por um Fusca, para poder enfrentar as estradas rurais na visitação ao eleitor. Quando vi a economia de gasolina que o motor menor proporcionava, nunca mais pensei em readquirir um Opala! Rsrs Mas vendo esse filme, bateu saudade...