A CIDADE DAS ACÁCIAS
É mister encontrar predicados para as nossas coisas. Quando João Pessoa era uma cidade humilde, sem hotel, quase sem entretenimento, os comunicadores enalteciam-na como "A Cidade das Acácias". Alguns artistas que por aqui passaram levaram outro nome em seus íntimos: "a cidade de Creusa Pires", com relação ao enorme coração da família que hospedava cantores famosos e políticos de expressão.
Quando Orlando Araujo fala de Itabaiana, dá um destaque especial para a Rua Boca da Mata; Valdemir Almeida Enxuto elegeu Nevinha Rica, dona de cabaré afamado, como a Grande Dama; os escritores Fabio Mozart e Moacir Japiassu revivem o tempo áureo das gráficas, da imprensa itabaianense... Todo mundo é assim. Quando o Brasil era um país obscuro, o viajor em terras distantes, quando indagado sobre a sua procedência, dizia: "Eu sou da terra de Pelé!"
Quando alguém me pergunta: "Quem és tu?" Sou Sander Lee, da terra de Sivuca, respondo. E canto. Sou da terra de Zé da Luz! E declamo.
Até hoje, aos 56 anos, tempo em que os homens alcançam a sabedoria, forneço essas respostas bobas, cheias de referências, como se se tratasse de literatura cinzenta. "Onde tu moras, poeta?" Ah, eu moro num madrigal, numa rua tão bucólica que quando eu viro a esquina, dou de cara com uma acácia.