SILÊNCIO

Nunca me senti tão próximo da poesia de Quintana como nesses últimos dias, ou melhor, assenhorei-me do silêncio no início de novembro, na indução de que "“Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio – um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio… Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.”

Foi-se o pai, o irmão e agora a mãe e eu fiquei em silêncio durante a semana de finados, num sofrimento mais poético do que patológico, porque eu teimo em ver as pessoas no legado de suas atitudes. Peguei-me regando mais a rosa amélia, presente de mamãe para a poeta Luciene Soares, e aveludei a minha voz, na tentativa de captar a gravidade máscula das vozes de papaizinho e de Dedé.