Escritor de terror que se preza tem de se inspirar quando vê o cenário que eu acabo de ver: Dom Pedrito está mergulhada numa densa neblina, quase que um “fog” inglês. Imagino como estará lindo perto do Rio Santa Maria, que banha a cidade: a bruma se evolando, pequenos raios de lua rompendo as nuvens e lutando, contra a densidão das trevas, para se refletirem no espelho das águas.
Mas o meu cérebro, numa hora dessas, parece um gato angorá, castrado e gordo, deitado ociosamente ao sol. Minha mente não se importa nem um pouco com a beleza fantasmagórica da noite. Parece obscurecida por outro tipo de cerração – uma cerração que vem de dentro para fora, que me anestesia.
Não sei o que cargas d’água está acontecendo. Talvez seja apenas cansaço. Sei que não se trata exatamente de falta de idéias – idéias eu até tenho, mas não consigo começar a desenvolvê-las. É como aquele corpo que tem pernas e braços, mas, por alguma interrupção no caminho dos nervos, por alguma forma de paralisia, não consegue colocá-los a funcionar.
Talvez seja inveja. Acabei de ler alguns contos muito bem escritos de outros autores iniciantes. E, diante da tenebrosa névoa que nos encobre neste momento, não há condições psicológicas de tentar me convencer de que “o sol nasce para todos”.
O fato é que esta cerração mental me dá uma angústia, uma espécie de náusea. Está bem, ninguém fica inspirado sempre. Todo mundo tem momentos de obliteração. Pode ser que, amanhã, eu me acorde com um poema, com um conto, com um romance na cabeça, pronto para ser transposto para o papel (nesta era digital, para a tela).
Ou, ainda, pode ser que nem a minha avó dizia: “cerração baixa, sol que racha” – e pode ser que eu esteja absolutamente sem conseguir produzir agora para, daqui a pouco, parir uma obra prima.
Ou pode ser que eu tenha de criar vergonha na cara e trabalhar um pouco. Deixar de lado esse negócio de escrever, que, afinal de contas, não enche barriga. Aí, quando a mente estiver livre dessa terrível sensação de deveres não cumpridos, pode ser que a cerração ceda e o sol da inspiração volte a brilhar...
09/06/2007
Mas o meu cérebro, numa hora dessas, parece um gato angorá, castrado e gordo, deitado ociosamente ao sol. Minha mente não se importa nem um pouco com a beleza fantasmagórica da noite. Parece obscurecida por outro tipo de cerração – uma cerração que vem de dentro para fora, que me anestesia.
Não sei o que cargas d’água está acontecendo. Talvez seja apenas cansaço. Sei que não se trata exatamente de falta de idéias – idéias eu até tenho, mas não consigo começar a desenvolvê-las. É como aquele corpo que tem pernas e braços, mas, por alguma interrupção no caminho dos nervos, por alguma forma de paralisia, não consegue colocá-los a funcionar.
Talvez seja inveja. Acabei de ler alguns contos muito bem escritos de outros autores iniciantes. E, diante da tenebrosa névoa que nos encobre neste momento, não há condições psicológicas de tentar me convencer de que “o sol nasce para todos”.
O fato é que esta cerração mental me dá uma angústia, uma espécie de náusea. Está bem, ninguém fica inspirado sempre. Todo mundo tem momentos de obliteração. Pode ser que, amanhã, eu me acorde com um poema, com um conto, com um romance na cabeça, pronto para ser transposto para o papel (nesta era digital, para a tela).
Ou, ainda, pode ser que nem a minha avó dizia: “cerração baixa, sol que racha” – e pode ser que eu esteja absolutamente sem conseguir produzir agora para, daqui a pouco, parir uma obra prima.
Ou pode ser que eu tenha de criar vergonha na cara e trabalhar um pouco. Deixar de lado esse negócio de escrever, que, afinal de contas, não enche barriga. Aí, quando a mente estiver livre dessa terrível sensação de deveres não cumpridos, pode ser que a cerração ceda e o sol da inspiração volte a brilhar...
09/06/2007