O QUE DIZ A SUA POESIA?
No encontro dos poetas recantistas, no Blue Sunset, em João Pessoa, o cerimonialista poeta Fernando Leal, em determinado momento, pediu para que recitássemos um poema que marcara a nossa vida. A poetisa Lorena Alysson declamou um soneto que registrou o início do namoro com o seu marido, Luís Daniel da Silva Dias; os poetas Fernando Cunha Lima, Thiago Alves, Stelo Queiroga, Odir Milanez, Paulo Miranda, Alkas, Mônica Magassani, Isis Dumont e outros mais declamaram poesias que significaram algum acontecimento interessante em suas vidas.
Creio que somente eu desobedeci. Declamei um soneto que não diz nada da minha vida: Nos plats du jour.
Depois do sarau, alguém me disse: "Parabéns, Sander Lee, pelo soneto! Você não explicou o que o mesmo representa na sua vida!" Não representa nada, respondi. Foi apenas a leitura que eu fiz de uma fotografia de Konstantin Razumov e dela tirei até o título. "É claro que diz", contestou-me o poeta, "não há nada que nos provoque a inspiração que não diga algo do nosso ser!"
Será? rsrs
Segue o soneto inspirado na pintura de Razumov:
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NOS PLATS DU JOUR
Minh’alma inquieta numa tarde clara
Busca ansiosa a flor no bistrô
Seca de beleza expressa: “Tomara
Que a sede cesse no lábio bordô”
Enfeitando o colo da meiga iara
Uma luz difusa me dizendo “alô!”
Perfume de rosa, trigal da seara
E o abrigo manso do meu bangalô
Nos plats du jour diz a minha ária
Que se embriagou no jacarandá
O encanto vive na nossa diária
E na intenção de sorver o chá
Pueril esqueço o som da atuária
E o mundo toco num simples sofá