Independência ou Morte

- Joaquim, Joaquim...

- Calma, mancebo, o que te aborrece?

O garoto corre casa a dentro, interpelando seu amigo, com uma folha à mão.

- Olha aqui, olha!

- Que é isto?

- 'Num' tá vendo? É o príncipe.

- Ih, é?

- É, ué!

- Mas que diabos ele faz montado nesse bicho?

- Disse, a freira, que foi o grito do Ipiranga.

- E pra gritar tinha que montar nesse troço?

- É um cavalo.

- Parece um asno gigante.

- Pois é, só tem desse bicho na Europa.

- E o que ele gritou?

- "Independência ou Morte" Foi isso.

- Arre!

- Foi quando o Brasil ficou independente de Portugal.

- Ó céus, nem sabia. Faz tempo?

- Em 1822, dia sete de setembro.

- Mas, gajo, só agora você me diz? Vinte e sete anos depois?

- Só agora a freira nos ensinou. Leia aqui.

- Quincas, ainda não aprendeu a ler?

- Só uma palavra por vez. Muitas assim juntas eu não consigo.

Joaquim toma o folheto das mãos do amigo, olha a gravura com atenção, lê em voz alta o hino que o príncipe D. Pedro I criou para comemorar a data e tudo o mais a respeito do grito do Ipiranga.

- E agora? - pergunta Quincas.

- Agora? Agora vamos construir uma grande nação. - Joaquim abraça o folheto levando-o até o peito, enchendo-se de um brio patriótico que inflama em seu peito...

- Joaquim! - um grito de dentro da casa desperta os meninos...

- Joaquim Maria Machado de Assis, anda logo, entra para tomar a lição!

Uma singela homenagem ao meu maior ídolo na literatura. Bom feriado a todos.

M P Cândido
Enviado por M P Cândido em 07/09/2016
Reeditado em 07/09/2016
Código do texto: T5753132
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