ELA NÃO É TÃO BURRA QUANTO PARECE
Criou-se a polêmica e certo é que existem vários defensores da “presidenta” também no que diz respeito ao léxico e muitos, até letrados, recorrem, talvez, aos autores de dicionários, inclusive ao grande Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, que realmente acolhe em sua grandiosa obra: “Presidenta. [ Fem. de presidente. ] S.f. 1. Mulher que preside. 2. Mulher de um presidente.” NOVO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA – 1ª edição (8ª impressão) – EDITORA NOVA FRONTEIRA”. Dir-se-ia então que a “presidenta” Dilma estaria certa, já que ancorada num mestre. Com todo respeito ao grande autor, ela está errada, na medida em que o grande Aurélio, ao construir seu dicionário, coletou tudo que ouviu e leu, desde os termos mais recatados e eruditos, até o palavreado mais chulo (confiram). Dizem até que o velho mestre, andando pelas ruas, ao ouvir um moleque proferindo um palavrão, anotava na palma da mão e depois transcrevia para sua coletânea. Certamente que não estava preocupado com a linguagem normativa e sim com a fala coloquial. Desta forma, “presidenta” não é compatível com a linguagem normativa, pois, PRESIDENTE é um substantivo comum de dois gêneros e não é por quê o vocábulo foi incorporado num dicionário onde, repita-se, são recepcionadas palavras e palavrões, que uma chefe de Estado se dê ao direito de distorcer o idioma. Como chefe de Estado, se dirigindo à nação, ela tem o dever de se pronunciar sempre, usando uma linguagem condizente com as normas gramaticais e ortográficas. Não fosse assim, seria o caso de uma liberação geral e que viessem em consequência, a cobra e o cobro, a criança e o criança, o crente e a crenta, o docente e a docenta, a inocente ou inocenta, o governante e a governanta. Seria o caso, então, de se bagunçar geral e dar loas à morte da Língua Pátria. Entretanto, atentem para um DETALHE; ouvi num comentário, alhures, que não foi por acaso que Dilma escolheu ser chamada de "presidenta". Ela não é tão burra quanto parece. Foi premeditado, com a finalidade enrustida de se diferenciar os da "esquerda” dos da “direita". Pura exacerbação ideológica. Um doentio culto ao "nós e eles" que leva pessoas até doutoradas, a ferirem ouvidos alheios.