E foi no dia daquela chuva, havia saído de casa
Reflexiva, num daqueles dias em que a gente se
Encontra enternecida e com saudade de algo que
Não sabemos bem o que é. No céu formava-se um
Mormaço, e nas ruas o vento levantava, poeira, folhas
papéis, cabelos e vestidos. E como dizíamos, estava
Bonito para chover crianças brincando, correndo pelas
Ruas, o trovão, soava ao longe, se fazendo ouvir lá
nos mais longínquos morros, nas entranhas das matas, resvalando-se pela linha do horizonte, até chegar ao
meu interior ressoando, como um lamento sertanejo. Acentuando mais ainda a saudade que estava em mim.
A chuva ja vem chegando

com a sua cantilena
emanando o eflúvios do barro molhado, suscitando o cheiro e gosto de infância. Levantei meu rosto para o céu,
Fechei os olhos e me pus a receber com mais exatidão
as carícias dos pingos da chuva, deixei minha boca
entreaberta, para sentir também o sabor daquela
chuva, tão gostosa. Segundos depois, abri os olhos e
deparei-me com um olhar que me suspendeu do chão. Aquele olhar
Cravado em mim, transbordando de desejos, sedução,
e carinho, um olhar profundo, faminto, firme e viril.
Depois de passar uns segundos me olhando e eu
Estática diante do homem, ele sorriu e o seu sorriso,
era atraente, era mesmo perturbador, tinha uma
força atrativa tão forte, que parecia um ima, me
sugando para dentro dele. E o homem ali, me medindo me penetrando com aquele olhar e ainda deu uma piscadinha
De olho. ah! Mas que frenesi eu senti, que loucura, paixão desejo, tudo se perturbando dentro de mim. E depois de tudo isso, o homem foi embora, sem dizer
nada, nenhuma palavra. E um pouquinho mais a frente, ele olhou para
trás e eu ainda estava parada a olhar aquele homem lindo e sensual a caminhar
por entre os pingos da chuva e ele
ainda jogou um beijo para mim, acenou um adeus e foi-se embora, me deixando quase louca, sem rumo, sem entender o que estava acontecendo. Filho, da mãe, eu pensei: 
Porque ele não se aproximou, e nem falou comigo
Eu senti uma vontade desesperada de sair correndo,
Atrás dele pedindo; Não vá, fique aqui comigo, eu te
Amo, era você que eu procurava, é você que eu
Quero pra sempre, por favor, moço, volte aqui. Minha
Voz gritando em minha mente enquanto eu, calada
Olhava aquele homem, até onde o seu vulto desapareceu
Em meios aos pingos da chuva. Misericórdia. Como
Pode um homem olhar pra uma mulher, dessa forma e
Depois ir embora assim, sem dizer uma palavra, um
Ingrato, um grosso, fiquei chateada, com o tal do Desconhecido, até porque naqueles segundos ali, eu
Me senti, dele eternamente. Eu fui sua para toda eternidade. Mas aquele homem parece que
Veio enviado para tirar o pouco de sossego que
Estava em mim. Voltei para casa, com muita vontade,
De ainda ver aquele Homem. Se ao sair de casa
Eu não sabia de quem estava com saudade, agora
Estava com saudade de um desconhecido, desejando
Vê-lo a qualquer custo. Rebusquei o seu rosto e o
Seu bendito olhar, por várias vezes em meu
Subconsciente. Deus, que me guarde de
Outro olhar assim...

Kainha Brito
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