Rompendo com as algemas que vos prendem

Se há o que Temer, peça o afastamento da obscuridade do sol. Porque quando se reúne política, esporte e religião no mesmo biscoito fino, a massa em vez de crescer, definha por falta de fermento.

Um dos semideuses brasileiros vai disputar as olimpíadas. E o que isso contribui para a cultura crítica, para a formação de opinião, para a coerência evolutiva de pensamento, para a intelectualidade de um povo; porque para qualificá-lo como sociedade, nação, a palavra povo deveria ser conceito superado nos dicionários. Todavia, um povo sem livros, instruí-se com as alegorias fantásticas do esporte, principalmente as da industria de fazer mitos vivos, caso do futebol.

Esse galego disputará a mais nova modalidade de esporte olímpico: "Cinco minutos e trinta e dois segundos plantando bananeira acrobática". Se o leitor fosse o juiz, daria medalha de ouro para ele? Atente-se para a geometria do corpo em relação ao solo, a qual parece perfeita. Este é o primeiro e único quesito avaliativo da modalidade.

Sobre a contribuição para o povo, nada digo; mas sobre mim, sou toda renovação, uma fundamentalista, dilúvio incontido de contentamento em saber que ele, o menino pobre da periferia santista, filho de operários batalhadores, vai cantar o hino nacional com a mão no peito, beijar o escudo ao fazer um gol e honradamente, vestir a camisa da seleção brasileira pela segunda vez em jogos olímpicos. Na primeira vez que esteve em campo derramando suor com a camisa canarinho, como diziam os patriotas antigos, a seleção do México o impossibilitou de subir no mais alto degrau do pódio; mas desta vez, com ele amadurecido, focado, respeitoso com os gritos de apoio que receberá das arquibancadas dos estádios por onde ele desfilar sua elegância futebolística e o carisma que obteve, sendo o jogador exemplo que é, a medalha de ouro será inevitável. Eu, o leitor, e mais 200 milhões de brasileiros obteremos a única coisa que nos falta no futebol, que é a medalha de ouro. Temos medalha de prata, o que não basta; pois, se somos os melhores, por que contentar em ficar em segundo lugar. De Vice, bastam os Presidentes.

O brasileiro sensato, não pode de jeito nenhum, deixar de agradecer imensamente o clube, por qual ele tem comido a bola, pela sua liberação; pois, jogos olímpicos não é competição oficializada pela FIFA, ficando os jogadores, portanto, sob a condição de liberação dos clubes pelos quais atuam. No entanto, prevaleceu o bom senso e menino prodígio do futebol brasileiro na atualidade, estará em campo. Não vou desejar-lhe boa sorte, porque joga com a sorte, quem não tem competência; atributo que lhe sobra, tanto em campo, como sexualmente. Ah, se eu fosse uma modelo famosa, não perdia tempo...! Seria sua prostituta e pela sua robustez e sensualidade de homem ferino, ainda que tivesse que derrubar o império romano, grampeava esse sujeito maravilhoso. Ser possuída por um homem como ele, idiota é a mulher que faz restrições. Voltando a realidade de não ser nada para ele, fico só no querer; achando-me uma fracassada.

Não era de acompanhar futebol, mas quando botei os olhos na televisão pela primeira vez e vi esse fenômeno em campo, não resisti a tentação e vibrei alucinadamente. Daquele dia em diante, é iniciar o ano que apresso-me para adquirir a tabela do campeonato, renovo o estoque de camisas do clube que estiver atuando, divulgo nas redes sociais os projetos em andamento e ao reunirmos, ensaiamos a coreografia, dedicada exclusivamente para ele. Não importa-me se ele sabe dessas coisas ou não; o que importa é que liderada por mim, ele tem fás que o admira incondicionalmente por todo país. Somos fãs assumidas e possuímos carteirinhas, botões, bonés e apetrechos mais.

Ele iniciou a carreia jogando por um clube praiano. Dançarino com a bola nos pés, dribles desconcertantes e a alegria na alma, profissionalizou-se ainda cedo; e desde os 17 anos brinca de jogar futebol com os veteranos. Acostumado a ouvir o seu nome nos estádios, ganhou fama e prestígio com pleno merecimento e talento. Como todo iniciante, às vezes era meio temperamental e certa vez ao ser substituído – é bom que se diga, injustamente; pois estava aterrorizando os adversários – cobrou do treinador explicações e os porquês de sua injusta substituição. O caso ganhou repercussão na mídia esportiva brasileira e ele, profissional genioso e conhecedor de suas qualidades em campo, - outras virtudes que muito me atraí nele - deixou claro que não jogaria mais pelo clube enquanto a direção não solucionasse o impasse entre ele e o técnico. Coitado, sórdido, infeliz técnico que quis medir forças com o menino pé de ouro da bola! Resultado: foi dispensado, banido do clube imediatamente. Tomada de decisão perfeita.

Para provar que o clube fez certo em dispensar o técnico e priorizar a sua jovem revelação, a quem retratava de “a joia”, nos anos seguintes ele tomou conta, comandou o time em todas as conquistas; sendo campeão Paulista, Brasileiro e da Copa Libertadores. No continente Sul-americano, só dava ele, seus gols antológicos e o cabelo cortado à lá moicano, criava um visual marrento e sedutor; impossível de não ser visto pelos olhares femininos. A “lenda mitológica” se tornou ídolo dentro e fora de campo, ganhando precocemente notoriedade, prestígio e a braçadeira de capitão da seleção; fato que nunca acontecera antes no futebol brasileiro.

Após ganhar tudo por aqui, foi disputar o título do Mundo contra o seu atual time em Tókio. Não ganhou é verdade, mas ali carimbou sua ida para Europa, jogar pelo clube, considerada a base da seleção do mundo. O início foi meio conturbado, devido a adaptação ao futebol europeu, timidez e um técnico chato, mas depois foi se soltando e mostrando por que faz parte de um dos melhores clubes do mundo. Atualmente, diverte-se em jogar futebol ao lado do jogador que foi várias vezes bola de ouro, título dado ao melhor jogador do mundo; o qual fez parte da lista dos melhores jogadores escolhidos pelos membros da FIFA. Provavelmente, esteja entre os cinco melhores; o que pela evolução e a pouca idade, já é um grande feito. Porém, acredito piamente que em breve ele será mais um brasileiro a receber essa honraria, o que será motivo de orgulho para toda nação brasileira.

Uma jogada genial das muitas geniais, finalizada com um gol antológico ocorreu contra o Flamengo. Ainda menino, moleque tinhoso, ele pegou a bola no meio do campo, pedalou, passou o pé sobre a subalterna, negaceou dois inocentes adversários e rumou em direção ao gol. Mais dois inimigos pela frente: deu um corte para o meio e o primeiro ficou estatelado no gramado. Jogando a bola de um lado e pegando-a no outro, num solene rabo de vaca da antigas, o segundo ficou para trás. Pobre e infeliz goleiro, que humilhado, viu a bola beijar docemente o quadriculado da rede. Pela obra prima, resultando no gol mais bonito eleito pela FIFA, recebeu o prêmio Puskas daquele ano. Gênio!

Desde que se profissionalizou, além de ser titular insubstituível, é o principal goleador da seleção principal; ficando atrás apenas do rei Pelé.

Ele vai disputar os jogos olímpicos, o que será o máximo, total deleite para todos os brasileiros. Especificamente no meu caso, quem sabe depois de ser reprovada mais de 100 vezes no vestibular, com todo esse no hall, com todo esse cabedal de conhecimento adquirido sobre as olimpíadas e principalmente sobre o mago brasileiro da bola, eu consiga ser aprovada no EaD de uma das faculdades do país; pois, fiz o (Exame Nacional do Ensino Médio) ENEM sei de nada, mas sobre ele, sei tudo. As provas estão marcadas para o meio do ano e se cair alguma questão sobre o futebol jogado por ele, marco um, ou muitos gols de placa. Que ele se apodere do ouro olímpico e eu realize o que maior desejo, que é um pedaço de papel, o qual mudará o meu Status Quo; mas é menos útil, menos necessário que o universalismo de um pedaço de papel higiênico. Deixando de lado esta bestialidade introspectiva nada reflexiva, sorte para os brasileiros, para ele e para todos nós! Sobretudo, com os gênios brasileiros de la pelota (que venga los hermanos) ninguém pode.

A lavada da Alemanha sobre a seleção principal? Como ele não jogou, nada se sabe; o que sei, é que se ele estivesse em campo, o placar seria sete, a nosso favor, claro. Dá-lhe moleque travesso; incendiário das redes inimigas!

Abro um leque para defendê-lo sobre os absurdos que a mídia tem cometido contra ele, ao tornar público a suposta falta de pagamento do parto de seu filho. Calúnia. Estão caluniando um ídolo, porque, 51 mil reais para ele não passa de dinheiro de pinga; (embora que, até pelo seu profissionalismo, ele não bebe) valor de compra de papel higiênico. Imagina... quem tem iate ao valor de 16 milhões vai se importar com ninharias de dinheiro! Pelo seu caráter e honradez como homem de família, jamais iria deixar de pagar, cumprir com seu dever de pai e cidadão brasileiro, que é. Se porventura o leitor leu alguma coisa sobre o que escrevi nos jornais amarelecidos pelos anacronismos por aí, por favor, encarecidamente, releve e acredite no que digo: faz muito tempo, mas muito tempo que o país não conhece alguém tão patriota, cidadão, respeitador do casamento, exemplo de homem digno e defensor da família, como ele. Peço desculpas, mas tinha que desabafar. Insuportável e desqualificada: esses são os adjetivos apropriados para qualificar essa nossa mídia miserável.

Um dos semideuses brasileiros vai disputar os jogos olímpicos. Quem será esse herói nacional? Joguei para o alto o passado e abandonei o trabalho de todos os dias para dedicar-me aos treinos fortes, visando as próximas olimpíadas. Não admito segundo lugar. Fazei isso para celebrar a "Ordem, o Progresso", a conquista e a evolução coletiva, virtudes sociais que nos são latentes. Com brasileiros não há quem possa!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 03/08/2016
Reeditado em 03/08/2016
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