A LITERATURA COMO DIREITO HUMANO

O tema da monografia da minha primeira graduação foi endomarketing, porque, como homem de vendas, necessitava me aprofundar no cerne da satisfação do colaborador e tive a sorte de ter um hábil orientador, Gustavo Freire. Alguns colegas não entenderam, pois, diziam: "Você devia enveredar pelo campo da leitura, da ciência da informação...". Como poeta e então formando em Biblioteconomia, acho que fiquei devendo um trabalho científico nesse viés, não obstante o 'marketing para dentro' trabalhar a informação.

É chegado o momento de compor uma monografia para a conclusão do meu atual curso. O meu pré-projeto versa sobre o acesso à justiça, tendo Cappelletti como linha mestra. E é claro que usei como cenário a problemática agrária da minha Itabaiana, situação que me rendeu grande satisfação na construção.

Quando deparei-me, entretanto, com Antonio Candido, o acesso à Justiça foi ficando em segundo plano. Ele aponta para tudo aquilo em que eu acredito: a literatura é um direito básico do ser humano.

Num momento informal, conversando com Luiz Couto, ele me dera a ideia: "Fale da carta, da correspondência, como direito humano." Achei legal, mas queria me afastar da questão Correios, porque o meu primeiro trabalho falava da melhoria do setor de distribuição com a aplicação do marketing para dentro.

Outro dia, em que os poetas Fabio Mozart, Lau Siqueira, Thiago Alves e eu estávamos batendo uma prosa, falei sobre essa possibilidade. Lau Siqueira não sabia que eu estava de olho em Cândido, mas foi logo dizendo: "Use o Antonio Candido!"

A 'preocupação' é manter-me 'imparcial', porque são tantos projetos apaixonantes ocorrendo simultaneamente: o clube do leitor, em Sapé, que trabalha a ressocialização dos presos com literatura, tendo o escritor Jairo Cézar como um dos seus mobilizadores; o Grupo Atitude, em Caiçara, sob a coordenação do poeta Jocelino Tomaz de Lima, que tem feito um trabalho de gente grande em torno do acesso à literatura; a Academia de Cordel do Vale do Paraíba, que tem dado salto solto na disseminação, embora lhe falte um trabalho mais amiúde com os direitos humanos; e a excelência do trabalho dos que fazem o plano estadual do livro, leitura, literatura e biblioteca.

Talvez eu esteja querendo juntar o útil ao agradável. Trabalhar um bom tema no direito, que considero de extrema utilidade, e pagar uma antiga conta com a biblioteconomia. Será, Rosa Z. L. Brito, Bernardina Freire, Joana Coeli Garcia?

Diante de toda essa paixão, parece que o amigo Cappelletti ficará para o mestrado.

Aceito sugestões, queridos professores e poetas!