A Arte Enquanto Legitimadora De Humanização Frente A ‘Conflituosidade Social’ Vivente
Desde o início dos tempos, a ‘conflituosidade’ já incidia nas relações de convivência entre os seres ‘humanos’, quando, baseado nos contares bíblicos, os irmãos Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, precursores da existência humana, protagonizaram o primeiro e talvez o mais famoso episódio de conflito entre seres humanos da história da humanidade, quando, Caim por ciúmes ceifou a vida do seu irmão Abel.
Com a compleição da raça humana em sociedade, o mundo instituiu-se à ‘conflituosidade’ entre os seres, sancionando-a enquanto fator preponderante para se estabelecer a diferenciação de classes, desumanamente humana, quando o sujeito pensante e pensado dessa sociedade, passa a configurar-se‘identitáriamente’ enquanto objeto moldado a fixados ideários de ‘sobrevivência’, a se predominar a necessidade do se dar bem ao bem de si, em condescendência à premissa de que, para ‘se dar bem’, tem-se que se ‘comer’ o outro para não ser ‘comido’, vigorando indubitavelmente o constante e inevitável conflito com o seu semelhante na incessante busca por uma vida humanamente “digna”, contudo socialmente desfrutável em si por si.
Como é de conhecimento universal, o mundo globalizado é gerido pelo dominante sistema capitalista, que tem como ‘capital’ alimento de engorda, o consumismo. E o invariável e desleal mundo consumista, tem como proveniência do seu poder, a legitimação da pobreza como o mais rentável produto em exposição nas prateleiras do mercado das conveniências inerente à nossa sociedade de classes, conformando razões determinantes para com a ‘conflituosidade social’ vigente, em tempo e espaço, na busca por beneficies, ao som de exclamados porquês eternamente interrogativos, como já discorrido anteriormente, em sobrepujança a um alguém de poder aquisitivo menor, ao bem de si próprio, outorgando assim: Quem tem poder de compra e quem tem preço por ser comprado.
Ante a imperativa ordem capitalística de sobreposição de humanos sobre humanos, ou de nações sobre nações, oportunistas de ideias em convenção aos seus ideais, em contravenção a respeitabilidade às culturas de pertencimento em sociedade, contrapõem à naturalidade das coisas, desconsiderando as diferentes origens dos povos em pátria e suas particularidades e pluralidades existenciais, excedendo-se aos limites de poderes de poder, enquanto poder de invasão, de exploração, de violação, de opressão, de crueldade, de um sobre o outro, à retina obscura da desumanidade, assentida em descabidas guerras de sexos, raças, crenças e classes, instituídas na cobiça em batalha pelas conveniências, regidas pela horrenda ‘conflituosidade social’, onde o sujeito “social” sucumbi a relegar valores e princípios morais imanentes do ambiente familiar, da escola e do âmbito religioso, enquanto congregação potencializada de formação cidadã e de personalidade do ‘sujeito’, em dissonância ao senso comum de convivência em sociedade.
Paralelo a essa concepção de mundo em “sociedade”, mediada pela “inerente” CONFLITUOSIDADE SOCIAL, já por tanto ecoada, está o alento da ARTE, fincada como diferencial nas relações entre homens e mulheres, em uma consoante afirmativa de humanização humana, universalizada nas suas múltiplas linguagens por um só dialeto de expressão humana, pelos vários povos e suas variantes culturais, exteriorizadas pelos vários lugares e seus diversos tempos, das diversas formas e sentidos: cores, cheiros, sabores e sons em compleição, comunicando-se entre si, deliberando-se e sendo deliberada nos sentimentos humanos, canalizando-se num só idioma, num só gesto, entre irmãos e irmanados, diferentes, contudo iguais, individuais, todavia coletivos, plurais, excepcionalmente singulares, instituindo os limites do intangível do tangível do ilimitado na transversalidade da subjetividade, por meio do fazer artístico conforme "a vontade de Deus", rompendo com a verticalização das posturas, transgredindo a lógica dos sentidos, aniquilando as diferenças, transcendendo-a a paz em libertação, numa ‘plurilateralidade’ horizontal de humanização ‘humana’ da humanidade, erradicando paradigmas prescritos pelo regime explicitamente impassível e consumista do capitalismo escravagista a reger a ‘velha’ mais ‘nova’ ordem mundial.
"A arte existe para que a realidade não nos destrua" - Friedrich Nietzsche
Manollo Ferreira
Pedagogo – Especialista – Professor – Poeta – Escritor...Piranga / Juazeiro-BA.