Eu possuo ou sou possuído pelo o que tenho, ou o que tenho, é que me tem?

É tudo meu e que ninguém queira pôr a sua mãozinha cheia de dedos sobre! Mesmo que eu nunca vá usufruir de tudo que acumule, o meu prazer é ter, ter pra dizer que tenho. Tudo isso pertence a mim. Se sofro de algum distúrbio psicológico, se sou a porra de um viciado megalomaníaco, isso não sei dizer, só sei que eu quero sempre mais. Eu não posso parar. Eu necessito. Eu quero ter. Meu ego tem sede de mais.

Estou orgulhoso de mim, eu consegui, tudo isso é meu! Não, eu não empresto! Não divido, não compartilho, ninguém aproveita do que é meu! Meus bens, enquanto eu estiver vivo, nunca serão utilidade pública! Mas vocês, se quiserem, podem olhar de longe. Me admirar. Admirar a minha coleção. As minhas aquisições. Eu permito que vocês me cobicem, que sintam inveja de mim. Permito o seu olhar voyeurístico sobre as minha coisas. Entendo você, eu também sou um voyeur nesse sentido. Posso passar horas admirando todos os meus pertences. Gosto de tê-los ao meu lado, sob vigilância, sob controle. Meu gozo é realmente ter pra ter. Pra poder dizer, “está vendo tudo aquilo ali, tudo aquilo me pertence, é meu, somente meu!”

Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 20/04/2016
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